Republicanos respondem a Obama, mas atingem Trump

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 13/01/2016

MARCELO NINIO
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Barack Obama é bom com palavras, mas fraco em ações, reagiu o Partido Republicano pouco após o discurso do Estado da União feito pelo presidente norte-americano nesta terça (madrugada de quarta em Brasília).
Além dos esperados ataques a Obama, a resposta expôs divergências internas do partido opositor, incluindo críticas implícitas ao bilionário Donald Trump, que lidera a disputa entre os pré-candidatos republicanos.
Nikki Haley, governadora da Carolina do Sul, foi a escolhida para dar a resposta republicana. Estrela em ascensão no partido e cotada para ser a vice-presidente na chapa presidencial, Haley condenou com veemência a proposta de Trump há algumas semanas de barrar todos os muçulmanos de entrar nos EUA. Para analistas, a escolha da governadora indica a resistência a Trump dentro do partido.
"Vivemos um período de ameaças como poucos outros na memória recente. Em tempos ansiosos, pode ser tentador seguir o chamado das vozes mais raivosas. Precisamos resistir a essa tentação", disse.
Filha de imigrantes indianos, Halley lembrou o massacre ocorrido em seu Estado em junho, quando nove fiéis de uma igreja da comunidade negra da cidade de Charleston foram mortos por um atirador.
"Nosso Estado foi atingido por choque, dor e medo. Mas as pessoas não permitiram que o ódio triunfasse. Não tivemos violência, tivemos vigílias. Não tivemos tumultos, tivemos abraços", disse. "Não nos voltamos contra a raça ou a religião dos outros. Nos voltamos para Deus e para os valores que há muito fizeram de nosso país o maior e o mais livre do mundo."
Nos debates dos canais de notícia, tais trechos foram considerados claramente um recado a Trump, que continua absoluto na liderança da disputa republicana, três semanas antes do início das votações primárias.
Sobre Obama, Haley não levou em conta o discurso do presidente exaltando a recuperação da economia, afirmando que ele não tem do que se orgulhar.
"Começando o último ano dele no cargo, muitos norte-americanos ainda estão sentindo o arrocho de uma economia que é fraca demais para elevar níveis de renda", disse. "Pior ainda, enfrentamos a mais perigosa ameaça terrorista desde o 11 de Setembro e este presidente parece não querer ou ser incapaz de lidar com isso."