Obama pede união para 'consertar política'

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 13/01/2016

MARCELO NINIO
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Em seu último discurso do Estado da União, o presidente dos EUA, Barack Obama, pediu aos americanos que rejeitem a polarização crescente no país e se adaptem à era de "mudanças extraordinárias" que o mundo vive.
Na tradicional sessão anual para as duas casas do Congresso, Obama usou o discurso mais importante do ano para relembrar êxitos de seus sete anos de governo, como a recuperação econômica, e projetar uma visão de futuro, a poucas semanas da largada oficial para campanha presidencial de 2016.
Para o presidente, um futuro próspero e seguro está ao alcance, mas depende de união e da capacidade de manter "debates racionais e construtivos". Ao longo de seu governo, Obama manteve relação de hostilidade com a oposição republicana, e seu Partido Democrata raramente obteve aval para avançar projetos no Congresso. Bipartidarismo virou artigo raro.
Para destravar o antagonismo, é preciso "consertar a política", defendeu Obama.
"Uma política melhor não significa que temos de concordar em tudo. Este é um grande país, com diferentes regiões, atitudes e interesses."
"Essa também é uma de nossas forças. Nossos fundadores distribuíram poder entre os estados e ramos do governo e contaram conosco para discutir, como eles fizeram, o tamanho e a forma do governo, comércio e relações exteriores, sobre o significado de liberdade e os imperativos da segurança", disse.
Antes do discurso, assessores de Obama afirmaram que o presidente deixaria de lado a tradicional lista de projetos que gostaria de ver aprovados no Congresso, já que a chance de cooperação dos republicanos é mínima, para apresentar uma visão política mais abrangente.
"Vivemos uma era de extraordinária mudança, que redesenha a forma como vivemos, trabalhamos, nosso planeta e nosso lugar no mundo", disse o presidente. "Queiramos ou não, o ritmo dessa mudança vai acelerar".
Entre os convidados especiais da Casa Branca para o discurso deste ano havia um refugiado sírio, um ex-imigrante ilegal que lutou pelo Exército americano e o autor da ação que levou a Suprema Corte a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na tribuna de honra ao lado da primeira-dama, Michelle Obama, uma cadeira ficou vazia, em memória às vítimas de armas de fogo.
Os convidados representam causas que a Casa Branca quer destacar e se sentam junto à primeira-dama --que arrancou longos aplausos ao entrar na Câmara dos Deputados de vestido amarelo.
Mais que uma tradição, o discurso é um dever presidencial. Segundo a Constituição, o presidente deve informar o Congresso sobre o Estado da União "de tempos em tempos". Embora a periodicidade não seja estipulada, virou praxe que o evento ocorra no começo de cada ano.
Por mais de um século, a mensagem era enviada por escrito ao Legislativo, até que o presidente Woodrow Wilson retomou a tradição dos discursos, em 1913.