Repórteres são detidos pela PM durante cobertura em Santa Catarina

Autor: Da Redação,
domingo, 20/12/2015

ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Três jornalistas foram detidos pela Polícia Militar neste sábado (19) durante uma reintegração de posse em Florianópolis.
Um repórter que trabalha no jornal "Diário Catarinense" e duas jornalistas de uma página no Facebook chamada "Maruim" acompanhavam a ação policial, realizada por volta do meio-dia, em um terreno no norte da ilha.
Marco Favero, 24, que atua como repórter-fotográfico no "Diário", foi algemado e colocado num carro da polícia, sob o argumento de que seria melhor para sua segurança, segundo disse.
A PM diz que ele não respeitou o perímetro estabelecido para a imprensa e que sua integridade física estava em risco. Favero foi liberado cerca de 40 minutos depois.
Já as jornalistas Natália Pilati e Joana Zanotto, que trabalham para a "Maruim", foram detidas após a reintegração e encaminhadas à delegacia, onde assinaram um termo circunstanciado. A PM argumenta que elas não se identificaram como jornalistas e que, no entendimento dos policiais, participavam da invasão.
O Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina emitiu uma nota de repúdio às prisões. Segundo o órgão, o episódio representa uma "tentativa de intimidação e cerceamento à liberdade de imprensa".
A direção do "Diário Catarinense" considera que a ação policial "impediu o trabalho da imprensa, um dos pilares da sociedade democrática". Na semana passada, outra repórter do jornal teve o celular apreendido por um PM e as imagens, apagadas.
A empresa registrou um boletim de ocorrência do episódio.
A Polícia Militar de Santa Catarina informou que em nenhum momento os policiais tiveram a intenção de impedir o trabalho da imprensa, mas sim de salvaguardar a segurança dos profissionais.
Ao todo, 36 pessoas foram detidas pela PM durante a reintegração de posse. A maioria era de estudantes universitários, que estavam no local desde o início da semana e protestavam pela construção de moradias populares e pela reforma agrária.
A terra invadida é de propriedade do ex-deputado estadual Artêmio Paludo.