Justiça do Irã acusa jornalista do "Washington Post" de espionagem

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 20/04/2015

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Justiça do Irã acusou nesta segunda-feira (20) o correspondente do "Washington Post" em Teerã, Jason Rezaian, por quatro crimes, incluindo espionagem, colaboração com governos hostis e propaganda contra o sistema.
Rezaian está preso há nove meses acusado de "recolher informações confidenciais e de propaganda do Irã e dá-las a indivíduos com intenções hostis". Os quatro crimes especificados têm penas que variam de dez a 20 anos cada.
As informações foram divulgadas pela advogada de defesa do jornalista, Leyla Ahsan, que se encontrou pela primeira vez com seu cliente desde que assumiu o caso e foi a única pessoa a ter acesso ao processo além dos magistrados iranianos.
De acordo com Ahsan, as acusações foram feitas sem provas consistentes. "Ele nunca teve algum acesso direto ou indireto a informação confidencial para entregá-la a qualquer pessoa".
O juiz responsável pelo caso, Abolghassem Salavati, não anunciou a data do julgamento. O magistrado é conhecido por ter tomado decisões polêmicas e criticadas por organizações de direitos humanos.
O jornalista, que nasceu na Califórnia, tem dupla cidadania e era correspondente em Teerã desde 2010. O chefe de redação do "Washington Post", Martin Baron, chamou a acusação de absurda.
"É absurdo e desprezível afirmar que o trabalho de Jason como jornalista freelancer e correspondente em Teerã se assemelhe a espionagem ou represente uma ameaça para a segurança do Irã".
A Casa Branca e o Departamento de Estado disseram não ter recebido confirmação oficial da acusação de Rezaian. Questionada pela imprensa americana, a porta-voz da chancelaria americana, Marie Harf, disse que as alegações são "totalmente absurdas".
Já o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que, se confirmadas as acusações, devem ser retiradas imediatamente pelas autoridades iranianas.