Febre maculosa foi causa da morte de criança de São Carlos do Ivaí

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 04/02/2015
Febre Maculosa foi a causa da morte de criança de São Carlos do Ivaí. Na foto, em 2013, os profissionais dos oito Núcleos de Vigilância Entomológica do Paraná foram capacitados pelo Ministério da Saúde e Fiocruz para vigilância do vetor.  Foto: divulgação SESA

A Secretaria de Estado da Saúde confirmou nesta quarta-feira (4) que os exames feitos no Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) identificaram como febre maculosa a causa da morte da criança de 12 anos, moradora de São Carlos do Ivaí, ocorrida em 14 de janeiro. A suspeita inicial de dengue e foi descartada.“A cidade onde a família mora está em epidemia de dengue, mas novos exames foram feitos e chegamos à confirmação de febre maculosa”, explica a coordenadora da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores da Secretaria Estadual da Saúde, Themis Buchmann. 

A menina esteve de férias em um sítio na cidade de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro, onde começou a ter dores de cabeça, desânimo e falta de apetite. O quadro piorou quando ela retornou para casa, em São Carlos do Ivaí. Após internação no hospital municipal, ela foi transferida para o Hospital Universitário de Maringá, onde morreu.

A DOENÇA - A febre maculosa é uma doença transmitida pelo carrapato-estrela, um hematófago da espécie Amblyomma cajennense, encontrado em animais de grande porte como bois e cavalos, mas que também pode ocorrer em cães, aves domésticas, roedores e animais silvestres, como o gambá e a capivara. Segundo informações da família, nas férias a criança foi pescar em lugares onde havia muitas capivaras.De acordo com o Ministério da Saúde, a febre maculosa ocorre em todos os estados brasileiros, mas com predominância do Sul e Sudeste.

Em 2013, a região Sudeste registrou 78 casos de febre maculosa com 36 óbitos. No Sul, no mesmo ano, foram confirmados 31 casos e nenhuma morte.A doença pode levar à morte em 40% dos casos e é transmitida quando o carrapato permanece em contato com a pele humana de quatro a seis horas. Os primeiros sintomas, como febre alta súbita, dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e desânimo, aparecem de dois a 14 dias após a picada. 

De acordo com a coordenadora Themis Buchmann, a semelhança com os sintomas de dengue, febre tifóide e leptospirose dificulta o diagnóstico. “Além da febre alta, dores no corpo e dor de cabeça, outra característica peculiar da febre maculosa é o surgimento de manchas avermelhadas ou pequenas erupções cutâneas nas mãos e nos pés”, explica Themis.Por isso, a pessoa que apresentar os sintomas precisa relatar a rotina antes do início dos sintomas, para que assim seja possível diagnóstico precoce, aumentando as chances de cura. A partir da suspeita de febre maculosa, o profissional de saúde deve iniciar imediatamente o tratamento com antibióticos, sem esperar a confirmação laboratorial, para evitar complicações.

SEGUNDO CASO – Nesta semana também foi confirmado o diagnóstico de febre maculosa para um caso importado, que estava em investigação no Paraná. O paciente era um campeiro de gado de 48 anos, vindo da região do pantanal matogrossense e que foi atendido dia 25 de dezembro na UPA Sabará, em Londrina. Ele apresentava febre, dores de cabeça, nas articulações e abdominais, vômitos e cansaço. Com o agravamento do quadro clínico, o paciente foi transferido para o Hospital Universitário de Londrina, onde teve complicações hepáticas e renais e morreu em 29 de dezembro. O diagnóstico de febre maculosa foi feito após o descarte da morte por dengue e leptospirose.

CAPACITAÇÃO – Em 2013, os profissionais dos oito Núcleos de Vigilância Entomológica do Paraná foram capacitados pelo Ministério da Saúde e Fiocruz para vigilância do vetor. “O objetivo da capacitação foi preparar os técnicos da área para monitorar a ocorrência do carrapato-estrela no Estado”, explica Themis. Em 2014, as equipes coletaram amostras de carrapatos nas regiões Norte e Noroeste e no Litoral, onde houve notificação da doença, sem registro de mortes. 

ORIENTAÇÕES

• Usar roupas que evitem o contato com os carrapatos, de preferência de cor clara para facilitar sua visualização.

• Repelentes podem ser aplicados às roupas e calçados.

• Carrapatos detectados nas roupas devem ser coletados com o auxílio de pinça ou fita adesiva.

• Não esmagar o carrapato com as unhas, pois ele pode liberar as bactérias e contaminar partes do corpo com lesões.

• Examinar o corpo a cada 3 horas para verificar a presença de carrapatos e retirá-los, preferencialmente, com o auxílio de pinça. Quanto mais rápido forem retirados, menor a chance de infecção.

• Comunicar à Secretaria de Saúde de seu município sobre áreas infestadas em ambiente rural ou urbano.