Secretário de Ambiente não descarta racionamento daqui a 6 meses

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 23/01/2015

RIO DE JANEIRO - O secretário estadual do Ambiente do Rio, André Corrêa, não descartou a possibilidade de ocorrer um racionamento de água no Estado daqui a seis meses. 

Esse prazo é o tempo que duraria o estoque de água do volume morto do reservatório Paraibuna, o principal do sistema que abastece o Rio, caso não chovesse significativamente nesse período. 

Corrêa afirmou que "do ponto de vista operacional" a utilização do volume morto não muda nada na situação do abastecimento do Estado, mas admitiu que o Sudeste vive a pior crise hídrica de sua história. "A minha preocupação é nem fazer terrorismo e nem dizer que está tudo bem", disse, em entrevista coletiva no Rio. 

Segundo Corrêa, dos cerca de 2 trilhões de litros de água do volume morto do Paraibuna, o Estado do Rio tem direito a cerca de 425 bilhões de litros. O reservatório Paraibuna fica na território de São Paulo e é compartilhado pelos dois Estados. 

"Esse volume, se não mudar nada e não chover, dá ainda para seis meses. (...) Não tem nenhum tipo de racionamento. Se tudo der errado, não descarto essa possibilidade [de racionamento] daqui a seis meses", disse. 


REDUÇÃO DE CONSUMO 

O secretário não anunciou medidas para reduzir o consumo e preservar o reservatório, que atingiu o volume morto na última quarta-feira (21), mas fez um apelo para que a população economize água. 

Corrêa defendeu como uma posição pessoal e não de governo a adoção no Rio de um sistema semelhante ao colocado em prática por São Paulo, de premiação, com uma conta mais barata, para quem consome menos e uma punição, com sobretaxa na tarifa, para quem consome mais. 

Ele disse que isso está em discussão entre o governo e a Cedae -a companhia de água e esgoto do Rio. A empresa, porém, já trabalha com um sistema de cobrança de tarifa mínima para um determinado consumo e conta mais cara para quem o ultrapassa. "Infelizmente, a parte mais sensível do ser humano é o bolso". 

Questionado se nesse momento não seria o caso de o governo apresentar alguma medida, além de apenas fazer um apelo para que a população economize água, o secretário disse que o governo já vem fazendo desde o ano passado. Ele citou a redução da vazão do rio Paraíba do Sul que é captada para abastecimento da capital e região metropolitana do Estado. 

Em Piraí, uma represa, chamada Santa Cecília, bombeia água para o rio Guandu, que abastece a capital e a região metropolitana. Antes da crise hídrica, a água era enviada a uma vazão de 190 mil litros por segundo. No final do ano passado, a ANA (Agência Nacional de Água) aprovou resoluções que diminuíram em três ocasiões a vazão da água que vai para o bombeamento, para 140 mil litros por segundo. 

O secretário afirmou que não fosse essa redução da quantidade de água retirada do Paraíba do Sul, o Estado estaria utilizando o volume morto desde outubro do ano passado. Essa medida, disse, teria economizado 400 bilhões de litros de água. 

A redução da vazão, porém, é uma decisão multilateral, tomada em reuniões da ANA com os governos do estado dos três estados abastecidos pelo Rio Paraíba do Sul, que são Rio, São Paulo e Minas Gerais. 

O secretário afirmou que a redução do nível dos quatro reservatórios do Paraíba do Sul reduz também a vazão do rio para as cidades que ficam depois da transposição para o rio Guandu. Segundo Corrêa, ao menos 9 cidades vivem hoje um problemas pontuais de abastecimento. 

Corrêa disse que a prioridade do abastecimento é para o consumo humano. Se a situação se agravar, afirmou, algumas empresas que ficam na ponta final do Rio Guandu, como o polo industrial de Santa Cruz, como a siderúrgica CSA, e o porto de Itaguaí. 

"Essas empresas já estão avisadas há um ano [que se a situação se agravar poderá haver restrição no abastecimento]", afirmou.