Após relatos de estupro, medicina da USP terá centro de direitos humanos

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 12/11/2014
Foto: arquivo

SÃO PAULO, SP - A FMUSP (Faculdade de Medicina da USP) anunciou nesta quarta-feira (12) a criação de um centro de defesa de direitos humanos para apurar denúncias e punir eventuais casos de abuso e violência sexual ocorridos dentro da instituição.

A medida ocorre um dia após alunas da faculdade relatarem publicamente, em audiência pública na Assembleia Legislativa, os estupros que supostamente sofreram em festas promovidas pela Atlética da FMUSP.

O centro irá prestar assistência jurídica, psicológica e de saúde para alunos que se sentirem vítimas "de qualquer tipo de violação". O espaço também funcionará como uma espécie de ouvidoria dentro da faculdade e contará com o apoio da diretoria da faculdade, professores e especialistas.

A previsão é que o núcleo comece a atuar em até 40 dias. As denúncias poderão ser feitas de forma anônima. Segundo a faculdade, a ideia é combater "casos de homofobia, racismo ou qualquer tipo de abuso que possa ocorrer dentro da instituição". Também estão programadas palestras e workshops sobre direitos humanos.

Outras medidas em estudo são a ampliação dos sistemas de vigilância, regras para o consumo de álcool e adoção do trote solidário na recepção dos calouros.


ESTIGMA

Em depoimento na Assembleia, as jovens relataram como foram abusadas. Também disseram que sofreram uma pressão para que não denunciassem os casos para não "manchar a imagem da instituição".

As alunas disseram ainda que ficaram estigmatizadas na faculdade e que os agressores estão impunes.

Em nota, a Faculdade de Medicina afirma que se coloca "de maneira antagônica à qualquer forma de violência e discriminação" e diz que "tem se empenhado em aprimorar seus mecanismos de prevenção destes tipos de casos."

Segundo a faculdade, foi formada recentemente uma comissão com docentes, alunos e funcionários para propor ações sobre os problemas de violência, preconceito e consumo de álcool e drogas.

A instituição também afirma que foram abertas sindicâncias para apurar os casos de estupro que foram relatados pelas alunas. Caso sejam comprovados, informa, a faculdade irá adotar punições disciplinas "de acordo com o código de ética da USP".