Espécie de pássaro recém-descoberta na Bahia está ameaçada de extinção

Autor: Da Redação,
sábado, 27/09/2014

GABRIEL ALVES
SÃO PAULO, SP - Uma nova espécie de pássaro natural da mata atlântica mal foi descoberta e já se encontra ameaçada de extinção.
O pequeno pássaro de 12 cm de altura, conhecido popularmente como macuquinho-preto-baiano, foi cientificamente batizado como Scytalopus gonzagai em homenagem ao pesquisador Luiz Pedreira Gonzaga.
Há mais de 20 anos, Gonzaga observou pássaros na região de Boa Nova, na Bahia ­a 480 quilômetros da capital Salvador­ e havia coletado e empalhado um exemplar, sem saber que se tratava de uma nova espécie.
Não teria sido fácil o cientista identificar o pássaro como um animal ainda desconhecido. A espécie é muito semelhante a seu "primo" Scytalopus speluncae ­ou macuquinho-preto­, em coloração e tamanho.
Curiosamente, as duas espécies de pássaro, mesmo habitando áreas geograficamente separadas (a S. speluncae ocorre entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul), são fisicamente semelhantes.
Mas quatro características permitiram que o zoologista Giovanni Maurício, da Universidade Federal de Pelotas, e seus colaboradores diferenciassem os S. gonzagai dos S. speluncae.
A primeira é o tamanho do bico ­na espécie recém descoberta ele é maior e mais robusto. A segunda é uma cauda menor.
Terceira: após gravar o canto dos diferentes pássaros, os pesquisadores foram separar as espécies pela "identidade vocal" das aves.
E a quarta, que ratifica as demais, é a análise genética. Foi feito um sequenciamento genético das duas espécies, e foi constatado que os S. gonzagai e os S. speluncae tiveram um ancestral em comum há cerca de 7 milhões de anos.
Para se ter uma ideia, o último ancestral comum entre o homem o chimpanzé habitou o planeta há cerca de 6 milhões de anos.
EXTINÇÃO
Os cientistas estimam que há menos de 3 mil exemplares da nova espécie, um para cada dois hectares (ou cinco campos de futebol), o que a coloca em perigo de extinção.
O habitat natural é restrito a regiões mais montanhosas e frias da mata atlântica, já bastante raras após a ocupação humana.
O pássaro faz seus ninhos entre pedregulhos, geralmente no chão, e não consegue voar por muito mais que cinco metros. Isso pode fazer com que o S. gonzagai seja predado por cobras e até mesmo por algumas aranhas, segundo o pesquisador.
O estudo, financiado pela BirdLife International e pelo Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foi publicado na revista norte-americana "The Auk", especializada em ornitologia ­estudo de aves.