Suspeitos são identificados após morte de mulher que buscou aborto no Rio

Autor: Da Redação,
terça-feira, 23/09/2014

BRUNA FANTTI
RIO DE JANEIRO, RJ - A DHNSG (Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo) identificou três pessoas envolvidas na morte de Elisângela Barbosa, 32. Grávida de cinco meses, ela não teria resistido a uma tentativa de aborto realizado em uma clínica clandestina, no último sábado (20).
Os agentes também localizaram a casa onde supostamente funcionava a clínica, no bairro do Sape, em Niterói. No local, apreenderam medicamentos, alguns de uso veterinário, além de ataduras, material para desinfecção e um computador.
No imóvel, uma funcionária da clínica foi detida e indiciada sob suspeita de crime de aborto. Ela não teve sua identificação revelada, assim como os outros três suspeitos que estão sendo procurados.
Familiares encontraram Elisângela já morta no Hospital Estadual Azevedo Lima, também em Niterói.
De acordo com os médicos, Elisângela estava com marcas de sangue na região genital e foi deixada na unidade de saúde por um homem que, em depoimento, disse que foi abordado por supostos traficantes enquanto dirigia seu carro em uma estrada rodeada de favelas.
Ameaçado, ele disse que foi obrigado a socorrer a gestante, que já estava agonizando e morreu no hospital, logo após ter sido internada.
O pintor industrial Anderson Santos da Silva, 27, marido de Elisângela, disse em depoimento que levou a mulher até o ponto de encontro, de onde ela seria encaminhada para a clínica, sozinha. O aborto teria sido acertado por cerca de R$ 3.000.
Mãe de três crianças, Elisângela não queria ter outro filho pois gostaria de voltar a trabalhar.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, um tubo plástico foi encontrado no útero de Elisângela durante o exame pericial realizado no IML (Instituto Médico-Legal). Mas somente um laudo mais completo irá apontar as causas da morte.
CORPO IDENTIFICADO
O caso de Elisângela é similar ao de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, 27, uma gestante que havia desaparecido no dia 26 de agosto após procurar uma clínica clandestina de aborto.
Um exame de DNA atestou nesta terça-feira (23) que o corpo encontrado dentro de um carro carbonizado na zona oeste do Rio é de Jandira. A informação foi confirmada pelo delegado Hilton Pinho Alonso, titular da 35ªDP (Campo Grande), responsável pela investigação do caso.
O exame de DNA foi feito através de comparação com material genético recolhido da mãe de Jandira, Maria Ângela dos Santos. Isso porque, o corpo foi encontrado sem a arcada dentária, braços e pernas. Segundo os investigadores, o objetivo dos criminosos era justamente dificultar a identificação da vítima.
Até o momento, quatro pessoas acusadas de envolvimento no caso estão presas. Um falso médico está foragido. A investigação aponta que pelo menos outras cinco pessoas podem estar envolvidas, mas seus nomes somente serão revelados após a expedição dos mandados de prisão.