Haddad diz que vai retirar crianças de hotel alugado na cracolândia

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 05/09/2014
Haddad diz que vai retirar crianças de hotel alugado na cracolândia

SÃO PAULO, SP - O prefeito Fernando Haddad (PT) disse na manhã desta sexta-feira (5) que vai remover as mulheres com filhos que vivem nos quartos dos hotéis alugados pela Prefeitura de São Paulo para abrigar os dependentes químicos da região da cracolândia. O caso foi revelado na edição desta sexta-feira do jornal "O Estado de S. Paulo".

De acordo com a reportagem, dezenas de crianças passam o dia trancadas em quartos usados para receber participantes do programa "Braços Abertos", da prefeitura.

"Vamos procurar um lugar um pouco mais distante e que fiquem segregado dos homens adultos para que não haja esse tipo de problema", afirmou o prefeito. "Dos sete hotéis [contratados pelo programa da prefeitura] estamos com problema em apenas um. Os assistentes sociais vão verificar o que esta acontecendo com as crianças para a eventual remoção para os outros seis".

Ele criticou os responsáveis pelo hotel em que foram encontrados problemas e disse que eles estão "usando a situação para pressionar por um aumento de custo, usando o bem-estar das pessoas, comprometendo o bem-estar das pessoas para esse tipo de pressão". "Ou ele se adequa ao programa ou eventualmente ele deixa de prestar o serviço a prefeitura", concluiu.

Segundo Haddad, o programa está passando por uma transição entre uma ONG contratada em caráter emergencial e a que está sendo contratada por meio de uma licitação. "Até dia 9 teremos uma nova parceria que vai impor restrições de entrada a pessoas estranhas ao programa, inclusive colocando algumas pessoas em condição de vulnerabilidade".

Haddad diz que a ONG foi contratada em caráter emergencial porque, no início do programa, ninguém queria prestar esse tipo de atendimento. Segundo ele, após sete meses da implantação, mais ONGs ficaram interessadas pois o programa, diz o prefeito, "é referência nacional e internacional".

"Ninguém queria enfrentar aquele desafio com aquela favela após demolição de prédios. Agora, todo mundo quer e tivemos tempo para fazer a licitação", comentou.

O prefeito disse ainda que não vai voltar ao passado onde os usuários de crack eram tratados com violência. "Há problemas na transição de ONGs, mas vamos corrigir. Optamos pelo caminho que não é da pancadaria, buscamos uma saída para um drama social e muito profundo", comentou.

Haddad também criticou o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) da Santa Cecília por criticar o programa. "O Conseg nunca foi aliado do programa. Eles queriam a volta ao passado, com bomba de gás, bala de borracha", afirmou. "A orientação deles era fechar todos os hotéis e deixar todo mundo na rua", criticou.

O prefeito falou também que considera positivo o resultado do programa. "Se compararmos com o que foi feito nos anos anteriores, a mudança é da água para o vinho. Eram 2.000 pessoas nas ruas que recebiam lesões corporais perdendo olho por bala de borracha ou tendo a boca estourada por cassetete", lamentou. "São 15 anos de cracolândia e nada foi feito a não ser descer porrada e aumentar o fluxo de usuários que não parava de crescer", diz.