Software alerta perigo de assédio a crianças e adolescentes

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 19/05/2014
Software alerta perigo de assédio a crianças e adolescentes

CURITIBA, PR - Após ler milhares de conversas em chats na internet, pesquisadores da PUC-PR identificaram padrões e criaram um software que aponta o risco de assédio sexual que crianças e jovens correm ao conversar pela rede.

A pesquisa, baseada em bate-papos em inglês, foi concluída no final de 2013. Agora, o grupo tenta obter aval da Justiça brasileira para acessar conversas em português, extraídas de casos reais.

A ideia é oferecer o software gratuitamente a usuários ou órgãos de segurança.

A pesquisa usou a base de dados de uma fundação americana, a Perverted Justice, que "caça" predadores sexuais em salas de bate-papo.

Quarenta conversas com criminosos foram analisadas pelo grupo, que identificou nelas as seis fases típicas do aliciamento de menores, já conhecidas por psicólogos e pesquisadores.

No início, a conversa flui normalmente, como qualquer outra. O potencial agressor se aproxima da criança ao compartilhar informações pessoais, de relacionamento, gostos em comum e elogios.

Aos poucos, começa a usar palavras de cunho sexual com frequência, de forma positiva e natural, e se coloca como o melhor amigo da vítima, isolando-a de familiares e amigos. Por fim, é sugerido um encontro.

"Até agora, as pesquisas da área vinham identificando os estágios de aliciamento. Nós demos um passo adiante e calculamos o percentual de risco", diz o professor de informática Altair Santin, da PUC-PR.

O cálculo é feito por um algoritmo, que identificou matematicamente o avanço das fases de aliciamento.

Conforme a conversa segue, o software calcula a probabilidade de o contato acabar em abuso sexual. O percentual será informado aos pais, por e-mail ou mensagem de texto, em tempo real.

"Essa é uma informação rica e importante para que eles possam proteger seus filhos", afirma Santin.

Quando o risco for alto, o grupo estuda a possibilidade de o software enviar o alerta direto para a polícia. "Aí podemos anexar inclusive o arquivo da conversa", diz.

A pesquisa levou dois anos para ser concluída e foi bancada pela Rede Marista de Solidariedade. O grupo procura agora parcerias com instituições para desenvolver o programa em português.