"Meu filho foi torturado", diz mãe

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 23/04/2014

RIO DE JANEIRO, RJ, 23 de abril (Folhapress) - A auxiliar de enfermagem Maria de Fátima da Silva, 56, disse na manhã de hoje que seu filho Douglas Pereira, 26, foi torturado até a morte nos fundos da creche Paulo de Tarso, no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio. Laudo preliminar do IML (Instituto Médico Legal) afirma que o jovem morreu de "hemorragia interna decorrente de ferimento transfixante do tórax".

O governador Luiz Fernando Pezão determinou empenho total à Policia Civil na investigação do caso. Ele aguarda o resultado das investigações para tomar as medidas cabíveis.

"Tenho certeza absoluta que o meu filho foi torturado. Ele tinha um corte na cabeça e no nariz. Estava muito machucado... tinha marcas de botas nas costas. Alguma coisa perfurou ele no tórax e causou a morte dele por hemorragia", lamentou emocionada a mãe do dançarino, antes de depor na 13ª DP (Copacabana).

Douglas Pereira morava com a mãe na rua Barata Ribeiro, em Copacabana. Ele deixou um filho de quatro anos.

Segundo a auxiliar de enfermagem, o jovem costumava levar a namorada -remadora do Vasco- no alto no morro, onde ela mora. Mas também encontrava amigos do grupo de dança "Bonde da Madrugada" ali.

"A filha dele também mora ali. Todo mundo conhece ele. Não sei como isso foi acontecer", disse a mãe, que acrescentou que luvas plásticas e dois projéteis de tiros foram encontrados próximo ao corpo de Douglas.

De acordo com a coordenação das UPPs, PMs da unidade pacificadora local foram checar uma denúncia de que traficantes armados estariam circulando num beco da favela, por volta das 22h de segunda-feira. Ao chegar na viela, eles foram recebidos a tiros. Houve confronto, mas ninguém teria ficado ferido e não houve preso.

Por volta das 9h de ontem, a PM diz que foi fazer perícia do tiroteio junto com a Polícia Civil e descobriram o corpo do dançarino nos fundos da creche. A PM nega ter encostado no corpo.

O comandante das UPPs, Frederico Caldas, disse que "abriu um procedimento apuratório para investigar o caso". Ao menos oito PMs participaram da ação e tiveram o armamento apreendido para exame de confronto de balística.