GOVERNO-UCRÂNIA - (ATUALIZADA)

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 03/03/2014

Kiev assiste à crise na Crimeia e vira palco contra Putin




Por Leandro Colon, Enviado especial

KIEV, UCRÂNIA, 3 de março (Folhapress) - Pouco mais de uma semana após a queda do presidente Viktor Yanucovich, dezenas de ucranianos permanecem na Praça da Independência em Kiev, palco dos recentes protestos, mas agora com um outro inimigo número um: o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Os manifestantes acompanham à distância a crise na região da Crimeia, península autônoma ucraniana que começou a sofrer invasão de tropas russas desde semana passada.

Ninguém admite publicamente, mas o discurso anti-Rússia em Kiev se mistura também a um temor diante de um inimigo bem mais poderoso do ponto de vista militar.

Não à toa, os movimentos de invasão de tropas russas na região da Crimeia têm merecido muito mais respostas políticas do que de resistência.

Militantes anti-Yanukovich, e ao mesmo tempo anti-Rússia, mantêm o discurso contra o Putin na Praça da Independência -uma faixa com a imagem dele, por exemplo, reproduz chifres, numa alusão ao capeta.

Nas ruas centrais de Kiev visitadas hoje pela reportagem, a situação aparenta uma certa tranquilidade, apesar de dezenas de barricadas instaladas e manifestantes ainda acampados.

No palco principal da praça, militantes usam o microfone para atacar Putin e os aliados do ex-presidente Yanukovich. Outros preservam uma espécie de tributo em homenagem às dezenas de mortos durante as recentes manifestações que derrubaram o governo.

Hoje, tropas russas tomaram um terminal de balsas que liga a Ucrânia ao leste da Crimeia. Além disso, o governo de Kiev teria interceptado aviões russos no espaço aéreo ucraniano.

Informações do governo dos EUA dão conta de que as tropas de Moscou já teriam o domínio da região.

O novo governo ucraniano aposta na visita do secretário de Estado americano, John Kerry, a Kiev amanhã para uma saída no jogo militar contra os russos.

Kerry desembarca nesta noite na capital ucraniana depois de o presidente Barack Obama condenar os recentes movimentos de invasão de tropas russas na região da Crimeia, onde a maioria da população fala russo.

Líderes europeus já tentaram, sem sucesso, controlar esses movimentos de Putin em território ucraniano.

O dirigente russo, pivô da crise que levou a queda de seu aliado Yanukovich, tem alegado que é preciso defender os interesses dos russos que vivem na Crimeia, não se mostrando disposto a recuar.