Rússia ligará território à península da Crimeia através de ponte

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 03/03/2014





SÃO PAULO, SP, 3 de março (Folhapress) - O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, anunciou hoje que a Rússia levará adiante o projeto de construção de uma ponte sobre o estreito de Kerch, que separa a península da Crimeia do território da Rússia, assinado com o antigo governo ucraniano.

O anúncio de Medvedev coincide com a grande tensão nessa região autônoma ucraniana, onde as tropas russas estão fustigando as forças ucranianas para tomar o controle.

"Adotamos decisões que são vinculativas, em particular documentos que foram assinados em dezembro do ano passado e que não foram modificados nem denunciados por ninguém", disse o primeiro-ministro russo, em referência à ponte sobre o estreito de Kerch, citado pelas agências russas.

Em reunião com a cúpula do governo nos arredores de Moscou, Medvedev ressaltou que a Ucrânia "foi e sempre será um sócio econômico-comercial muito importante para Rússia".

O chefe do governo russo ressaltou que na construção da ponte no estreito de Kerch, assim como no desenvolvimento de canais comerciais adicionais e de projetos conjuntos de investimento, estão interessadas Rússia e Ucrânia.

Segundo Medvedev, a disposição do Executivo permitirá levar a um plano prático a construção deste corredor de transporte independentemente da conjuntura política.

O acordo para unir com uma ponte Crimeia -povoada majoritariamente por russos étnicos- com o território russo foi assinado entre outro projeto de cooperação com o governo do deposto presidente ucraniano Viktor Yanukovich, atualmente refugiado na Rússia.

ONU pede respeito

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, solicitou hoje que a "independência, a segurança, e a integridade territorial" da Ucrânia sejam preservadas.

Ban pediu que às partes em conflito que não realizem "qualquer ato que eleve ainda mais a tensão na região, e que se comprometam a ter um diálogo construtivo".

O secretário-geral, que participa em Genebra de reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, explicou em entrevista coletiva que hoje terá um encontro com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, e transferirá sua mensagem que é essencial "diminuir a tensão" na região.

A mesma mensagem que seu subsecretário-geral Jan Eliasson, que ontem viajou para Kiev para analisar a situação no local, também transferirá às autoridades do governo ucraniano.

Ban explicou que ontem manteve uma "longa conversa" com seu enviado especial para a Ucrânia -o diplomata holandês Robert Serry, que abandonou o país após não poder visitar Crimeia como tinha previsto- mas não revelou nada sobre o encontro.

"É essencial que todos os envolvidos se comprometam a um diálogo construtivo", afirmou Ban. No sábado ele falou por telefone com o presidente russo Vladimir Putin, mas da conversa não surgiram resultados concretos.

Ban se mostrou otimista que os intensos movimentos diplomatas que houve neste fim de semana e os que continuam hoje possam dar frutos e a situação se acalme, "porque é preciso reduzir imperativamente a tensão",

Reino Unido

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, declarou hoje que está "profundamente preocupado" com a crise na Ucrânia e pediu à Rússia evitar uma intervenção na república autônoma ucraniana da Crimeia.

Em declarações à "BBC" desde Kiev, Hague advertiu que Moscou pode enfrentar "custos significativos" e considerou o comportamento da Rússia como "inaceitável", ao argumentar que o governo russo "tomou o controle" da Crimeia.

O ministro, que se encontra na Ucrânia para se reunir com autoridades do governo interino, disse que a situação possui um "risco constante", já que, segundo ele, a situação pode ficar de controle.

Hague destacou a resposta moderada do governo interino ucraniano diante das "provocações" do governo russo, mas disse se sentir muito "muito preocupado" com a atitude da Rússia.

"Se a Rússia continuar nesta direção, teremos que ser claros ao dizer que esta não é uma maneira aceitável de dirigir as relações internacionais. Isto é algo que a Rússia deve reconhecer", disse o chanceler britânico.

"Certamente, haverá custos significativos", especificou Hague, que não descartou a possibilidades de sanções econômicas.

Em Londres, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, informou hoje que presidirá uma reunião do Conselho Nacional de Segurança, integrado por destacados ministros, para avaliar uma possível "resposta britânica e internacional à grave situação na Ucrânia.