Parlamento vota medidas de austeridade

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 06/05/2010
Medidas de austeridade provocaram protestos nas ruas de Atenas

O Parlamento da Grécia vai votar nesta quinta-feira medidas de austeridade propostas pelo governo para lidar com crise econômica do país.

A votação é realizada um dia depois que três pessoas morreram em violentos protestos contra o plano, que deve ser implementado como parte de um acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) por um pacote de ajuda de 110 bilhões de euros.

Os protestos ocorreram durante uma greve geral contra medidas como congelamento de salários dos funcionários públicos, corte dos fundos de pensão e aumento de impostos.

O presidente da Grécia, Carolos Papoulias, disse quarta-feira que o país “chegou à beira do abismo”.

“É responsabilidade de todos nós não dar um passo para o precipício", afirmou o presidente em sua primeira declaração após o incidente.

Os mortos estavam dentro de uma agência do banco Marfin, no centro de Atenas, que pegou fogo quando coquetéis molotov foram lançados pela vitrine, em meio a confrontos entre a polícia e manifestantes.

Cerca de 100 mil pessoas foram às ruas da capital grega na quarta-feira apoiar a greve geral. Uma passeata que passou por diversos pontos da cidade teve momentos de tensão em frente ao Parlamento.

A polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo quando cerca de 50 pessoas tentaram chegar perto do Parlamento.

Pelo menos outros dois prédios foram afetados pelos incêndios, inclusive a prefeitura de Atenas. O primeiro-ministro, George Papandreou, condenou o incêndio no banco como um ato "criminoso".

Segundo o correspondente da BBC em Atenas Malcolm Brabant, “os manifestantes conseguiram dar o recado para a comunidade internacional de que a revolta social é um problema sério e que pode ameaçar a confiança no governo grego”.

Temor de Contágio

O Banco Central Europeu (ECB) deve se reunir ainda nesta quinta-feira em Lisboa para discutir como impedir a propagação da crise por outros países europeus. Há temores de que Portugal, assim como a Grécia, pode ter dificuldade em pagar suas dívidas e pedir ajuda financeira de outros países da chamada zona do euro.

Peter Westaway, economista-chefe do setor europeu do Nomura International, destacou a importância da reunião.

"Esta crise não é só sobre a Grécia. É sobre a integridade do euro como um todo", disse ele em entrevista à BBC.

O objetivo do pacote de ajuda à Grécia é reduzir o orçamento em 30 bilhões de euros nos próximos três anos, com a meta de cortar o déficit orçamentário grego para menos de 3% do PIB até 2014. O déficit atual do país é de 13,6% do PIB.