Mais Médicos será um "engodo", diz vice-presidente do CFM

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 12/09/2013





SÃO PAULO, SP, 12 de setembro (Folhapress) - O programa federal Mais Médicos vai se mostrar um "engodo" e uma "pseudo-assistência" a longo prazo por se tratar apenas de uma "medida eleitoreira".

A opinião é do vice-presidente do CFM (Conselho Federal de Medicina), Carlos Vital Tavares Corrêa Lima.

Segundo ele, para os lugares mais distantes do país, é preciso criar carreiras de Estado, assim como as que já existem para os cargos de juiz e procurador federal.

"[O Mais Médicos] é um engodo e uma pseudo-assistência por causa da falta de estrutura mínima, às vezes, para um diagnóstico até primário", disse Lima, durante entrevista na abertura do 5º Congresso de Bioética de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) hoje. O evento é realizado pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) com apoio do Centro Médico de Ribeirão Preto.

De acordo com Lima, para casos primários não se pode dispensar exames subsidiários, como o de sangue, urina, ou um raio-x no tórax - serviços que muitas vezes não são encontrados em cidades menores. Além da infraestrutura de saúde, Lima defende outros investimentos do poder público, como saneamento básico.

"Você colocar o profissional não vai fazer diferença, a não ser trazer um pouco, talvez, de conforto emocional para a população", disse Lima.

"Mas isso, na verdade, é um risco para a população, porque ela acha que trará mais soluções quando, na verdade, terá mais complicações", completou o vice-presidente do CFM.

Para o representante do conselho, o fato das últimas pesquisas mostrarem a população favorável à vinda de mais médicos é resultado, na verdade, do excessivo gasto do governo federal com publicidade na TV para convencer a população dos benefícios da medida.

O congresso, que acontece na sede do centro médico, na rua Thomaz Nogueira Gaia, 1275, no Jardim Irajá, prossegue até sábado em Ribeirão com palestras sobre o tema ética.