PF se infiltra na Bolívia para acabar com crack no Brasil

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 28/04/2010
Policiais federais brasileiros já estão no país para capacitar a polícia boliviana.

Para acabar com o crack no Brasil, a Polícia Federal vai combater a produção de matéria-prima para produção de cocaína na Bolívia. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, atribui o aparecimento do crack à polícia mundial de repressão à produção de insumos para a fabricação da droga. Policiais federais brasileiros já estão no país para capacitar a polícia boliviana.

A PF junto com a DEA (sigla para o agência americana de combate às drogas) realizam no Rio de Janeiro desta terça-feira (27) até a quinta-feira (29) o IDEC (sigla em inglês para Conferência Internacional de Combate às Drogas), com representantes de 91 países para discutir temas sobre o combate ao tráfico de drogas internacional, criminalidade e segurança pública.
Corrêa diz que esse tipo de conferência é importante para tomar decisões e traçar estratégias, como a que pretende fazer com a Bolívia em relação ao crack. Ele explicou que a droga surgiu após o Brasil implantar a política de controle de insumos e a matéria-prima, o cloridrato de cocaína, o que gerou o subproduto, que é o crack.

- Nessas últimas décadas, à medida em que foi eficiente o controle de insumos, foi evitado o encontro entre matéria-prima e esse insumo, foi gerado o subproduto. A dificuldade [dos traficantes] gerou essa pasta base de baixa qualidade [crack]. Então o crack, dentro dessa visão compartilhada [de combate às drogas] é um problema nosso e da Bolívia. Nós somos o mercado consumidor e aquele país o produtor.

Nessa política compartilhada contra a produção do crack, o Brasil esbarra da Constituição da Bolívia, que prevê que marcar a folha de coca é sagrado no país. Em todo o resto do mundo, diz Corrêa, há uma diretriz que de que o plantio da coca deve ser erradicado. O Brasil tem de encontrar um meio de combater o tráfico da matéria-prima, já que não é possível erradicar as plantações bolivianas de coca, explicou Corrêa após a manhã de abertura da conferência.

- Estamos dentro da Bolívia ajudando a reconstruir a capacidade de investigação de polícia deles, transferindo capacidade na área de perícia, trocando oficiais que nos permitam produzir uma inteligência para neutralizar essa ação [tráfico].

Saúde Pública

A administradora da DEA, Michele Leonhart, disse que os EUA já enfrentaram uma epidemia de consumo de crack nas décadas de 1980 e 1990 e que o combate teve duas frentes: o enfrentamento ostensivo do tráfico nas ruas e o tratamento terapêutico aos dependentes.

- A boa notícia é que se conseguimos superar o problema, acreditamos que vai acontecer no Brasil. O consumo de cocaína caiu entre os adolescentes e entre os adultos está em um dos percentuais mais baixos dos últimos 30 anos nos EUA.