Sobe para 229 total de mortos pela chuva no RJ

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 12/04/2010
Morro do Bumba, onde deslizamento de terra já matou mais de 30 pessoas

Subiu para 229 o número de vítimas fatais em razão do mau tempo que atinge a Região Metropolitana do Rio de Janeiro desde a noite da última segunda-feira. Em Niterói, município mais afetado pelas chuvas, já são 146 mortos. Desse total, 37 pessoas moravam no Morro do Bumba.

Segunda cidade mais atingida pelo mau tempo, o Rio de Janeiro contabiliza 63 vítimas fatais, sendo 28 do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no centro da capital fluminense. O município de São Gonçalo registra 16 mortos. Magé, Nilópolis, Engenheiro Paulo de Frontin e Petrópolis tiveram um morto cada.

Ainda no sábado, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, determinou a desapropriação das casas localizadas nas imediações do Morro do Céu, na zona norte de Niterói. Os trabalhos começaram com o levantamento do número de famílias que moram na região, assim como quantos imóveis existem no local e o valor da indenização a ser paga aos desapropriados.

Tragédia anunciada

Os trabalhos na remoção dos escombros do deslizamento no Morro do Bumba contam com cerca de 120 homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil a cada turno. De acordo com a Defesa Civil, são retirados, por dia, 200 caminhões de escombros, com capacidade para 30 toneladas cada.

Segundo especialista ouvido pelo iG, a prefeitura de Niterói sabia do risco de desabamento que os moradores do Morro do Bumba corriam. Um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF), que mapeou aspectos geológicos e condições do solo, foi entregue em 2004 à Prefeitura na gestão do então prefeito Godofredo Pinto.

"Os governantes já sabiam que essa tragédia em Niterói poderia acontecer. Não sabiamos quando, mas mostramos onde poderia acontecer", disse o geólogo Adalberto da Silva, um dos autores do estudo. "Do total de áreas que sofreram deslizamento, em 90% delas avisamos que corriam risco. Inclusive o Morro do Bumba", contou o especialista.

Silva relatou que a área, que já foi um lixão, não passou por drenagens. "Mesmo com obras de drenagem seria arriscado construir e manter residências no terreno que já foi um lixão. Imagine sem essas obras", enfatizou.

Segundo o especialista, a combinação de água em excesso e gás metano, originário da decomposição do lixo, foi fatal, numa área onde o solo já era vulnerável por ter abrigado um aterro sanitário.