Oposição pede ajuda dos EUA para se proteger contra Assad

Autor: Da Redação,
terça-feira, 26/03/2013





SÃO PAULO, SP, 26 de março (Folhapress) - O ex-primeiro-ministro da Coalizão Nacional Síria Mouaz al Khatib pediu hoje em reunião da Liga Árabe a ajuda dos Estados Unidos para controlar o poder de fogo das tropas do ditador Bashar Assad em áreas dominadas por rebeldes.

O evento foi a primeira vez que o grupo opositor foi reconhecido como representante da Síria no bloco de países islâmicos. A coalizão foi criada em novembro no Qatar e pretendia reunir todas os grupos políticos e milícias armadas dos rebeldes, mas enfrenta dúvidas sobre sua capacidade de incorporação.

O próprio Mouaz al Khatib renunciou ao cargo de primeiro-ministro no último domingo e atribuiu sua saída à falta de liberdade dentro das "instituições oficiais" e que a grave situação na Síria "não foi suficiente para que se tome uma decisão internacional que permita ao povo sírio se defender".

Em discurso, Khatib pediu ao secretário de Estado americano, John Kerry, que autorize o envio de mísseis Patriot para defender o norte do país, principal região dominada pelos rebeldes. A intenção é criar uma zona de exclusão aérea, o que diminuiria o poder das tropas de Assad.

Os mísseis são os mesmos usados pela Otan na fronteira da Turquia com a Síria, após pedido do governo turco para garantir a segurança das cidades fronteiriças. Instalado desde dezembro, o armamento ainda não foi usado contra o regime sírio ou os rebeldes.

Os combates aéreos foram intensificados nos últimos meses diante da incapacidade do regime de conter a guerra nos confrontos em terra, onde os rebeldes levam vantagem. Os insurgentes ainda não têm armas capazes de enfrentar os bombardeios militares do governo.

O líder rebelde diz, no entanto, que a intenção de ter uma zona de exclusão aérea não é para aumentar os combates contra o governo. "Estamos ainda à espera de uma decisão da Otan para proteger a vida das pessoas, não para lutar, mas para proteger vidas", disse ele.

ONU

Ao assumir a cadeira da Síria na Liga Árabe, vazia desde novembro de 2011 após a suspensão do regime de Bashar Assad, o clérigo muçulmano pediu o assento da Síria na ONU (Organização das Nações Unidas), que ainda é ocupado pelo regime de Bashar Assad.

Apesar do isolamento do ditador, que já não é reconhecido por Estados Unidos, Reino Unido e França, a iniciativa dos opositores encontraria a resistência de Rússia e China, que vetaram três resoluções no Conselho de Segurança contra o regime.

O emir do Catar, um forte apoiador da luta para derrubar Assad, pediu a seus companheiros líderes árabes para convidarem a delegação da coalizão para representar formalmente a Síria na cúpula, apesar das divisões internas que assolam a oposição.

Nesta terça, continuam os combates na Síria. O grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, informou que as tropas do regime conseguiram controlar o bairro de Baba Amr, em Homs, uma das áreas que tinham maior domínio da oposição.

Por outro lado, a televisão estatal síria informou que a capital Damasco era atingida por artilharia militar no segundo dia de ofensiva dos rebeldes. A agência de notícias Sana informou que há mortos e feridos na ação, mas sem dar detalhes. Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram em dois anos de conflito na Síria.