SÃO PAULO, SP, 26 de dezembro (Folhapress) - O chefe da Polícia Militar da Síria, general Abdul-Aziz al Shalal, renunciou ao cargo e confirmou sua deserção em um vídeo divulgado hoje por grupos rebeldes. A saída do oficial militar é mais uma baixa para o regime de Bashar Assad nos confrontos com os opositores.
Shalal aparece no vídeo com uniforme militar e lendo uma carta. Em seu discurso, diz que decidiu sair do regime sírio por considerar que o Exército se afastou de sua missão principal, que era proteger o país.
"O Exército sírio se transformou em nada mais que uma quadrilha armada que mata e destrói cidades e vilarejos, fazendo massacres contra nossa população civil nocente que saiu para pedir liberdade e dignidade", disse.
O Conselho Nacional Sírio, uma das principais organizações de oposição, confirmou a deserção e disse que o general está na Turquia. O Exército Livre Sírio, no entanto, diz que ele está em local seguro, mas sem dizer se o chefe da polícia saiu do país.
O vídeo foi exibido pela emissora saudita Al Arabiya na noite de ontem. As informações sobre a deserção não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições impostas por Assad ao trabalho de jornalistas e organizações internacionais.
Caso confirmada, a saída de Shalal é mais uma renúncia do grupo próximo ao ditador sírio. Em julho, o regime perdeu o general Manaf Tlass, que buscou refúgio na França, e em agosto foi a vez do então primeiro-ministro Riyad Hijab.
A nova baixa acontece em meio à perda de controle das tropas governamentais e o aumento das forças dos rebeldes, após 21 meses de conflito. Desde março de 2011, mais de 40 mil pessoas morreram no país, segundo ativistas.
Acampamento
Hoje, rebeldes e milícias pró-Assad entraram em combate no campo de refugiados palestinos de Yarmuk, em Damasco. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, houve explosões durante toda a madrugada na região e tiroteio com armas de grosso calibre.
O confronto quebra uma trégua estabelecida no acampamento na semana passada, que pedia a saída de todos os homens armados. Com o conflito na Síria, os palestinos de Yarmuk também se dividiram entre aliados e opositores ao regime, o que gerou conflitos internos na cidade.
A área foi bombardeada diversas vezes pelo regime sírio e se tornou mais uma parte dos confrontos armados.