CPI do Tráfico de Pessoas vai investigar adoção suspeita

Autor: Da Redação,
sábado, 20/10/2012





SÃO PAULO, SP, 20 de outubro (Folhapress) - A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Tráfico de Pessoas vai ouvir os envolvidos em suposto esquema de adoção ilegal na cidade de Monte Santo, Bahia. As informações são da Agência Brasil.

Reportagem veiculada no programa "Fantástico", da TV Globo, no último domingo, mostrou que cinco filhos - inclusive uma criança de 2 meses - foram tirados da casa dos pais pela polícia para adoção. Os jovens foram entregues a quatro casais de São Paulo, entre maio e junho do ano passado. Há suspeita de irregularidades no processo.

Segundo o presidente da CPI, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), na próxima reunião, marcada para o dia 30 de outubro, serão convocados o juiz que autorizou a adoção, o atual juiz da cidade --que quer reverter a decisão--, a suposta agenciadora das crianças, os casais que fizeram a adoção, além dos pais biológicos e das próprias crianças. Os integrantes da comissão avaliarão se há necessidade de ir à Bahia estender as investigações.

Na segunda-feira, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) protocolou um pedido na corregedoria para apuração do caso. O órgão também será convidado a participar das oitivas da CPI.

"O caso não é único. Mais do que estranheza, gera indignação. O mais estranho é ver o Poder Judiciário integrando este enredo. Como um juiz, que deve zelar pelos direitos, faz uma coisa dessas? Concede a guarda das crianças em 24 horas, tempo recorde, quando sabemos que no Brasil um processo de adoção pode durar até três anos e meio", disse Arnaldo Jordy.

Um diagnóstico preliminar sobre o tráfico de pessoas no Brasil revela que em seis anos quase 500 brasileiros foram vítimas do tráfico de pessoas. Do total, 337 casos referem-se à exploração sexual. Mais 135 ocorrências tratam de trabalho análogo à escravidão, segundo o diagnóstico elaborado pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça e pelo Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).