Depois do goleiro Everson, nesta segunda-feira (20) foi a vez do atacante Eduardo Sasha, do Santos, anunciar que também entrou na Justiça do Trabalho para romper o contrato com o clube paulista. Em comunicado divulgado à imprensa e publicado no Instagram pela assessoria do atleta, Sasha revela que a decisão de acionar a Justiça ocorreu devido à falta de pagamento de parte dos vencimentos e de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No comunicado, o jogador argumenta que "não há o recolhimento do FGTS faz algum tempo" e, antes mesmo da pandemia do novo coronavírus (covid-19), ele já acumulava três meses de direitos de imagem atrasados. O estopim, porém, foi a redução do salário pago em carteira durante o período sem jogos e treinos presenciais. Sacha alega que o desconto foi maior do que o previamente informado ao elenco pela diretoria.
"Fomos comunicados que teríamos um desconto de 30% em nossos salários, por conta da pandemia. Nós, jogadores, estávamos dispostos a aceitar, porque sabíamos da situação que o mundo estava vivendo. Porém, faltando dois dias para o pagamento, fomos comunicados que teria um corte de 70% nos salários, não houve nenhuma explicação", afirma o atacante.
Em entrevista à Agência Brasil, no início de julho, o advogado Rafael Cobra, especialista em Direito Desportivo, já havia dito que alterações salariais impostas sem consentimento dos atletas de futebol poderiam ter consequências judiciais para os clubes. "Pode ser feita, como autorizado pela Medida Provisória 936, a redução de salário e jornada de trabalho, de forma proporcional, ou a suspensão do contrato de trabalho, mas sempre com a concordância do jogador mediante acordo, individual ou coletivo", explicou Cobra, na ocasião.
Sasha, de 28 anos, chegou ao Santos em janeiro de 2018, emprestado pelo Internacional. Em abril do mesmo ano, ele foi contratado em definitivo pelo clube paulista, que cedeu o lateral-esquerdo Zeca ao Colorado. O jogador disputou 86 jogos e marcou 17 gols pelo Alvinegro.
"Tenho o maior respeito pelo Santos, pelos torcedores, tenho um ótimo ambiente com meus companheiros e todos os funcionários do clube, mas não há como permanecer por total falta de respeito e comprometimento com os profissionais", conclui o atleta.
O atacante é o segundo jogador a pedir desligamento do Santos alegando direitos de imagem atrasados e contestando o desconto de 70% nos salários em carteira. O goleiro Everson seguiu o mesmo caminho. O jogador está no Peixe desde o início do ano passado, indicado pelo então técnico Jorge Sampaoli, hoje no Atlético-MG, pela qualidade de atuar com os pés, que agrada ao modelo de jogo do treinador argentino. Curiosamente, o Galo acabou de liberar o arqueiro reserva Michael para o futebol português.
Os dois processos correm em segredo de justiça. Questionado pela Agência Brasil, o Santos ainda não se pronunciou.
O Peixe volta a jogar pelo Campeonato Paulista nesta quarta-feira (22), às 19h15 (horário de Brasília), na Vila Belmiro, contra o Santo André, pela 11ª e penúltima rodada da primeira fase. A partida será disputada com portões fechados. O Alvinegro, que lidera o grupo A com 15 pontos, não atua desde 14 de março, quando perdeu do São Paulo por 2 a 1, no Morumbi.