O anúncio de que Iga Swiatek foi punida por doping com apenas um mês de suspensão causou polêmica no mundo do tênis na quinta-feira. Um dia após a divulgação da sanção pouco severa, a tenista romena Simona Halep veio a público para criticar a diferença de tratamento que recebeu das Agência Internacional para a Integridade do Tênis (ITIA, na sigla em inglês).
A ex-número 1 do mundo chegou a ser punida, inicialmente, com uma suspensão de quatro anos. Após acionar a Corte Arbitral do Esporte (CAS), a romena obteve a redução da sanção para apenas nove meses. Mas, na prática, entre julgamentos e apelações, ela ficou afastada do circuito por um ano e meio.
"Eu sento e tento entender, mas é realmente impossível entender algo assim. Eu fico me perguntando: 'Por que uma diferença tão grande no tratamento e no julgamento?'", questionou a atleta de 33 anos, em sua conta nas redes sociais, nesta sexta-feira. "Não consigo encontrar e não acho que possa haver uma resposta lógica. Só pode ser má-fé da ITIA, a organização que fez absolutamente tudo para me destruir, apesar das evidências."
Halep, para quem os dois casos foram "idênticos", houve evidente injustiça em seu caso. "Sempre acreditei no bem, acreditei na justiça deste esporte, acreditei no correto. A injustiça que foi feita a mim foi dolorosa, é dolorosa e talvez sempre será dolorosa. Como é possível que em casos idênticos que aconteceram quase na mesma época (da temporada), a ITIA tenha abordagens completamente diferentes, em meu detrimento?", questionou a campeã de Roland Garros e Wimbledon.
A tenista romena, que voltou a competir normalmente no circuito em março deste ano, se refere à defesa comum das duas tenistas. Ambas alegaram que consumiram medicamentos legais que continham resíduos de substâncias proibidas. Os dois casos de doping seriam, assim, acidentais, sem intenção de obter vantagem em suas performances em quadra.
Halep foi suspensa em outubro de 2022 após ser flagrada em teste que detectou a presença de roxadustat, substância proibida usada em tratamentos contra a anemia. Na defesa da romena, a substância apareceu de forma acidental num suplemento que ela costumava consumir.
No caso de Swiatek, líder do ranking durante a maior parte das duas últimas temporadas, a substância detectada foi a trimetazidina, presente em remédios para o sistema cardiovascular, num exame realizado num intervalo entre competições, no dia 12 de agosto deste ano. A trimetazidina teria contaminado um remédio que a polonesa costuma tomar para melhorar a qualidade do sono e reduzir os efeitos de jet lag.
A ITIA aceitou a defesa da atleta por considerar que a amostra tinha baixa quantidade da substância e porque o remédio não é controlado na Polônia, onde a atleta mora e compra seus medicamentos. Por fim, a entidade acatou a argumentação da defesa de Swiatek de que o consumo da trimetazidina não foi intencional.
Por essa razão, a ITIA enquadrou a infração às regras antidoping como "Nenhuma falha ou negligência significativa", a mais amena entre as punições. Daí a suspensão de apenas um mês, entre 12 de setembro e 4 de outubro - a suspensão será finalizada em 4 de dezembro, o que não traz maiores consequências para a tenista porque a temporada já foi finalizada.
NOVA POLÊMICA
O doping de Swiatek é o segundo caso rumoroso deste tipo neste ano. O primeiro foi o de Jannik Sinner, melhor tenista da temporada e considerado um dos sucessores do Big 3. Inicialmente, o número 1 do mundo foi inocentado. Mas a Agência Mundial Antidoping (Wada) recorreu e pediu suspensão de até dois anos. O caso ainda será avaliado pela CAS.
Na quinta, após a divulgação do teste positivo da polonesa, outros tenistas se manifestaram nas redes sociais, ironizando a punição suave. "Banimento de um mês, hein", escreveu o canadense Denis Shapovalov, ex-Top 10. O controverso australiano Nick Kyrgios, vice-campeão de Wimbledon de 2022, postou a mensagem "NOSSO ESPORTE ESTÁ FERRADO", em maiúsculas mesmo.