Para entrar nos livros de história. A Espanha se tornou campeã da Copa do Mundo Feminina da Fifa pela primeira vez neste domingo (20). A seleção, conhecida como La Roja, venceu a Inglaterra por 1 a 0 e teve a honra de levantar o troféu da competição em Sydney, na Austrália.
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O título comprova a hegemonia recente da Espanha em diferentes categorias do futebol feminino: a seleção é a atual campeã da Copa do Mundo no sub-17 e no sub-20, além do fato de que o Barcelona – base desta equipe espanhola – é bicampeão da UEFA Liga dos Campeões Feminina nas temporadas 2020/2021 e 2022/2023.
Aliás, a Espanha é a terceira nação europeia da história a conquistar a Copa Feminina; as outras duas foram Noruega (1995) e Alemanha (2003 e 2007). O resultado quebra um jejum de 16 anos, tempo que as seleções da Europa passaram longe do troféu.
Do outro lado, o gosto agridoce de orgulho e frustração marcará as jogadoras da Inglaterra e a técnica holandesa Sarina Wiegman, que é vice-campeã da Copa do Mundo Feminina pela segunda vez consecutiva. Há quatro anos, em 2019, a treinadora já havia perdido a final no comando da Holanda.
E foi com um jogaço! Os dois times trabalham bem a bola, cada um à sua maneira. A Espanha, por exemplo, segue bem a escola de futebol do país e troca passes com qualidade, em estilo tão vertical (ou mais) quanto o da seleção masculina que foi campeã do mundo em 2010.
A Inglaterra costuma ser eficiente ao avançar em blocos, mas seu jogo depende muito de erros do adversário. O problema é que isso pouco ocorreu nesta final, ainda mais diante de uma grande atuação da goleira Cata Coll.
Quando conseguiu finalizar de maneira quase indefensável para a arqueira espanhola, a Inglaterra sofreu com o azar e carimbou o travessão. Para piorar a situação, a marcação da Espanha pressionava no campo de ataque e forçava as Leoas a tentarem ligações diretas – não é o forte de um time que costuma fazer a bola passar pelas meio-campistas.
Também havia uma grande goleira com a camisa da Inglaterra, mas Mary Earps, que já havia defendido um chute perigoso de Redondo, não conseguiu impedir o gol da Espanha aos 29 minutos. Com a intensidade habitual da La Roja, Mariona Caldentey avançou e tocou para Olga Carmona, que chutou cruzado e rasteiro para marcar.
A comemoração de Carmona deixou torcedores do mundo todo intrigados: ela ergueu a camisa da Espanha e mostrou que sua blusa de baixo tinha a palavra "Merchi", uma homenagem à mãe falecida de uma amiga da jogadora.
E quase houve outra celebração espanhola ainda no primeiro tempo, quando Salma Paralluelo (que estava acostumada a entrar na reta final dos jogos e fazer gols decisivos, mas desta vez foi titular) finalizou com categoria. Mary Earps saltou bem e contou com uma ajuda providencial da trave à sua esquerda.
A goleira inglesa é uma das melhores do mundo e impediu uma derrota pior; no comecinho do segundo tempo, por exemplo, ela defendeu um chute de Caldentey e tentou ligar seu time ao ataque. Pouco tempo depois, Chloe Kelly carimbou o travessão e lamentou.
Uma curiosidade sobre esta edição da Copa do Mundo Feminina é o número recorde de pênaltis assinalados pela arbitragem: foram 27, superando os 26 apitados em 2019. A final seguiu a tendência do restante do torneio e entrou para a estatística.
Afinal, a árbitra foi ao monitor do VAR e constatou toque de mão de Keira Walsh dentro da área. Jenni Hermoso teve em seus pés a chance de ouro de ampliar a vantagem da Espanha e diminuir o sufoco diante das inglesas, mas Mary Earps, gigante, impediu o gol.
Porém, nem a poderosa goleira inglesa, nem a pressão da Inglaterra nos minutos finais conseguiram impedir a Espanha de se tornar campeã da Copa do Mundo Feminina da FIFA pela primeira vez.
O número
Com o título, a Espanha se tornou a segunda seleção da história a vencer a Copa do Mundo da FIFA nas versões masculina e feminina (2010 e 2023, respectivamente). A primeira a conquistar este feito havia sido a Alemanha, que é tetracampeã no masculino (1954, 1974, 1990 e 2014) e bicampeã no feminino (2003 e 2007).