Celeste Arantes, mãe de Pelé, morre aos 101 anos em Santos

Autor: Bruno Accorsi e Ricardo Magatti (via Agência Estado),
sexta-feira, 21/06/2024

Celeste Arantes do Nascimento, mãe do Rei Pelé, morreu aos 101 anos, nesta sexta-feira, em Santos, no litoral paulista. A causa da morte não foi divulgada. Celeste estava internada no hospital SerPiero há uma semana. Um de seus netos, Edinho comunicou oficialmente a morte da avó em nome da família em suas redes sociais. "Descanse em paz, vó", escreveu ele brevemente.

Dona Celeste será velada e enterrada no Memorial Necrópole Ecumênica, cemitério vertical onde está Pelé e seu irmão Jair, conhecido como Joca. A filha do Rei do Futebol, Sandra Arantes do Nascimento, que morreu em 2006 vítima de um câncer, também está enterrada no local.

Além de Pelé e Joca, Celeste era mãe de Maria Lúcia, com quem vivia e que era responsável pelos cuidados dela. Os três filhos são fruto do relacionamento com João Ramos do Nascimento, o Dondinho, com quem foi casada até 1996, ano em que ficou viúva.

A mãe do maior jogador de futebol de todos os tempos vivia em Santos desde 1956, quando a família se mudou a fim de acompanhar o filho em seus primeiros passos no clube do litoral paulista. Para ela, o homem que todos chamavam de Pelé ou Rei era o Dico, apelido que usava pala chamá-lo carinhosamente.

Quando a mãe completou 100 anos, em 20 de novembro de 2022, Pelé fez uma publicação para homenageá-la. "Desde criancinha, ela me ensinou o valor do amor e da paz. Eu tenho muito mais de uma centena de motivos para agradecer por ser o seu filho. Compartilho essas fotos com vocês, com muita emoção por celebrar este dia. Obrigado por todos os dias ao seu lado, mãe", escreveu Pelé, pouco mais de um mês antes de morrer no dia 29 de dezembro daquele ano.

Discreta, dona Celeste não costumava aparecer. Preferia quase o anonimato, não fosse o fato de ter o filho famoso. Uma das paixões de Pelé sempre foi reunir a família para grandes almoços aos domingos, com a presença da matriarca. Dona Celeste falava pouco, não reclamava de nada e tinha em sua filha sua parceira nesses 100 anos.

Nas vozes dos narradores esportivos do Brasil, ao longo da carreira de Pelé, Dona Celeste sempre foi uma espécie de mulher abençoada por ter dado ao futebol o melhor jogador de todos os tempos. Era a forma de agradecer a ela cada jogada genial do seu filho.

Sua história foi retratada nos filmes que contam a vida de Pelé, desde a cidade de Três Corações, onde nasceu, passando por Bauru até chegar em Santos. Não era uma vida fácil ou de privilégios. A família sempre esteve junta e unida, com dúvidas inclusive se Pelé deveria mesmo se lançar ao futebol. Seu pai o ensinou a jogar até onde pôde.

Em comunicado, a direção do Santos lamentou a morte de Dona Celeste. "O Santos Futebol Clube lamenta profundamente o falecimento de Celeste Arantes do Nascimento, mãe do nosso eterno Rei. O Clube decretou luto oficial de três dias e a bandeira foi hasteada à meio mastro", registrou o clube paulista.

"Foram 101 anos de uma história de vida inspiradora. De uma mulher negra que enfrentou as infinitas adversidades da vida pelo bem de sua família. Descanse em paz, Rainha. O carinho, a admiração e a gratidão da nação santista são para sempre."