'A mulher não é tão aceita', diz Nilmara, a 1ª treinadora registrada na CBF

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 02/02/2018

ANA CAROLINA SILVA

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Nilmara Alves é, oficialmente, a primeira mulher a ter um registro de treinadora na CBF. E ela trabalha no futebol masculino! Mas, apesar de agora ter carteira assinada e todas as garantias possíveis em sua profissão, a moça relata um caminho de dificuldade.

"A função de treinador já é difícil. Sendo uma mulher, é ainda mais difícil. A pressão é maior ainda, temos que mostrar mais o resultado, porque tem a desconfiança, tem a parte de que o futebol é masculino. A mulher não é tão aceita. A gente tem que ser sempre melhor e procurar dar o nosso máximo, porque as críticas são fortes", disse ao UOL Esporte.

Já são seis anos consecutivos no comando do Manthiqueira, time de Guaratinguetá (SP) que disputa a Série A3 do Paulista. A técnica admite que não pensava em treinar um time masculino. "Eu não considerava por saber da dificuldade", explicou. Aos 36 anos, o sonho da ex-jogadora é levar a equipe do interior à primeira divisão do estadual, embora reconheça a dificuldade na missão.

Nada, no entanto, parece tão difícil quanto superar a desconfiança e o menosprezo alheio, que já recebeu até de colegas de profissão. "Um treinador falou pra equipe dele que não queria perder pra uma mulher", contou Nilmara, que acabou virando o jogo em questão e saiu vitoriosa. "Quem joga são os jogadores, são 11 contra 11. Então não tem porque falar de perder pra uma mulher", afirmou.

O Departamento de Registro, Transferência e Licenciamento de Clubes da CBF criou o registro de treinadores em abril de 2017, mas a profissional de 36 anos foi pioneira entre as mulheres. "Eu me sinto muito feliz. É um reconhecimento, é um algo a mais, um passo a mais", celebrou.

"Os treinadores não são tão valorizados. Com carteira assinada e contrato, é um reconhecimento a mais do nosso trabalho no meio do futebol. E para mim principalmente, como mulher, ser a pioneira é muito importante e gratificante. Isso mostra e prova que mais mulheres podem ingressar também no futebol", disse Nilmara.