Projetista do carro de Ayrton Senna diz sentir responsabilidade por morte do piloto brasileiro

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 06/11/2017
Projetista do carro de Ayrton Senna diz sentir responsabilidade por morte do piloto brasileiro

RIO — Um dos projetistas responsáveis pelo carro da escuderia Williams dirigido por Ayrton Senna quando o piloto morreu, em 1994, Adrian Newey afirmou se sentir responsável pela morte do piloto. Em sua autobiografia intitulada "Como construir um carro", o designer comenta o episódio e lamenta a tragédia. Senna morreu em Imola, na Itália, durante o GP de San Marino, ao se chocar quando fazia a curva Tamburello. 

"Eu era um dos oficiais seniores em uma equipe que fez o design de um carro no qual um grande homem morreu. Eu sempre sentirei um grau de responsabilidade pela morte de Ayrton, mas não culpa", escreveu Newey, um dos projetistas mais renomados da Fórmula 1.

A investigação do acidente teve como centro o desaparecimento da coluna central da direção do carro. Newey lamenta ter modificado e reposicionado o item antes da corrida.No livro, ele chama as mudanças no volante de "duas peças muito ruins de engenharia".

"Não importa se essa coluna de direção causou o acidente ou não. É impossível esquecer que o eixo era uma peça mal desenhada, que nunca deveria ser permitida em um carro". 

Ainda de acordo com o engenheiro, ele assistiu as filmagens do carro de Michael Schumacher, que seguia Senna na pista, na época, para entender o acidente. O vídeo convenceu Newey de que a coluna de direção não havia sido o responsável pelo acidente. Na filmagem era possível ver que o carro de Senna quebrou a tração na parte traseira e que isso não era uma falha de direção. Mesmo assim, isso nunca diminuiu o sentimento de ser responsável pela morte do piloto.

Segundo o projetista, ele sentiu que a falta de desempenho do carro nas duas primeiras corridas da temporada forçou Senna a empurrar o veículo ao limite mesmo em sua batalha com Schumacher.

"O que eu sinto a maior culpa é sobre o fato de eu ferrar a aerodinâmica do carro. Eu estraguei a transição da suspensão ativa para o passivo e projetei um carro que era aerodinamicamente instável. Ayrton tentou fazer coisas que o carro não era capaz de fazer. Se sofreu um furo, e simplesmente passou mais rápido num carro aerodinamicamente instável, isso tornaria o carro difícil de controlar, mesmo para ele", escreveu.

Newey, que tinha 36 anos à época, e Patrick Head, diretor técnico da Williams quando aconteceu o acidente, foram investigados e absolvidos.

Fonte- oglobo.globo.com