'Acabou a época do super herói', diz Gustavo Borges após reunião no COB

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 26/10/2017

SÉRGIO RANGEL

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Representantes da ONG Atletas pelo Brasil cobraram nesta quinta (26) do novo presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Paulo Wanderley, uma "ruptura com o modelo atual".

Numa reunião de cerca de uma hora na sede da entidade no Rio, eles entregaram uma pauta de reivindicações para modernizar a entidade.

A ampliação da participação dos atletas no comitê é a prioridade do grupo, que contou com o ex-nadador Gustavo Borges, o ex-judoca Flávio Canto e Magic Paula no encontro.

Eles querem a paridade de votos no colégio eleitoral, o fim das restrições para homologar uma chapa no pleito da entidade, a participação de atletas na assembleia geral e a criação de um conselho de administração.

"Não queremos o mais do mesmo. Estamos aqui para ajudar a fazer uma ruptura com o modelo", disse Borges, dono de quatro medalhas olímpicas na natação.

Wanderley assumiu oficialmente o COB no dia 11 após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, que é réu na investigação de compra de votos para a escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos.

Na última eleição do COB, apenas um atleta teve direito a voto. Já 30 confederações participaram do pleito.

O dirigente já disse que é favorável a abertura do colégio eleitoral, mas acredita que os esportistas terão que ter um peso menor.

"Acabou a época do super herói, aquele que resolve tudo. Esse tempo acabou. O que precisamos ter agora é governança", acrescentou o nadador.

Antes de renunciar, Nuzman comandou o COB por 22 anos e concentrava o poder na administração da entidade.

De acordo com o documento entregue a Wanderley, o comitê ganharia um conselho de administração com 13 integrantes, todos sem vínculos com os votantes, sendo cinco escolhidos por empresas de consultoria.

Os integrantes do grupo também pediram mais prazo para a reforma do estatuto. Há duas semanas, uma comissão foi formada para apresentar as propostas de mudança no documento em 45 dias. Os ex-atletas acham que o tempo é curto para discutir o assunto.

A comissão de reforma do estatuto conta com três cartolas (Marco Ribeiro, da vela; Ricardo Machado, esgrima; José Antônio Martins Fernandes, atletismo) e Tiago Camilo, representando os atletas.

"Vamos dar um voto de confiança ao novo presidente. Mas esperamos que nossos pedidos sejam levados em conta", disse Canto, ao deixar a sede do COB após o encontro.

Wanderley não se manifestou em relação aos pedidos feitos pelos representantes da ONG.

Nuzman foi preso suspeita de ter feito a "ponte" entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do COI (Comitê Olímpico Internacional) na escolha do Rio em 2009 para receber os Jogos.