Após bater recorde sul-americano, Rosângela é sétima na final dos 100 m

Autor: Da Redação,
domingo, 06/08/2017

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Não deu medalha, e dificilmente daria. Mas Rosângela Santos fez muito mais do que dela se esperava neste Mundial de Atletismo. Depois de entrar na competição fora do Top 30 do ranking, a brasileira alcançou um histórico sétimo lugar na final dos 100 m rasos no Estádio Olímpico de Londres, com 11s06. É o melhor resultado já obtido por uma brasileira na prova mais rápida do atletismo.

A medalha de ouro foi para a norte-americana Tori Bowie, com 10s85, em chegada decidida só no photo finish contra a marfinense Marie-Jossé Ta Lou. Dafne Schippers, da Holanda, ficou com o bronze com 10s96, cinco centésimos acima do que a brasileira fez na semifinal. Mas não dava para esperar Rosângela ainda mais rápida após só duas horas e meia de descanso. Ela deu tudo que tinha que dar na semifinal, em busca de uma classificação inédita.

Rosângela, que ainda vai correr os 200 m a partir de terça-feira e disputar o revezamento 4 x 100 m livre no domingo que vem, deixa o Estádio Olímpico nesta noite como a sul-americana mais rápida de todos os tempos. Na semifinal, ela bateu o recorde regional ao correr os 100 m em 10s91, superando em 0s08 o antigo recorde, da equatoriana Angela Tenorio. Já o recorde brasileiro, de Ana Cláudia Lemos, foi estraçalhado - era 11s01.

Além do sétimo lugar obtido na final deste domingo, Rosângela entra para a história do atletismo como a primeira mulher brasileira a quebrar a barreira dos 11 segundos nos 100 m - a 99ª no mundo. É um feito equivalente a entrar na casa dos 9 segundos na prova masculina, o que nunca nenhum brasileiro conseguiu - Robson Caetano é o recordista com 10s00.

O ano de 2017 já era especial para Rosângela, que em março recebeu sua medalha olímpica de bronze. Em 2008, ela tinha 17 anos quando compôs o revezamento 4x100m livre do Brasil que terminou numa inesperada quarta colocação na Olimpíada de Pequim, com Jamaica e EUA desclassificados. No ano passado, porém, a russa Yuliya Chermoshanskaya foi flagrada na reanálise de amostras antidoping daquela Olimpíada e a Rússia perdeu o ouro que ganhou na pista. O Brasil acabou elevado ao terceiro lugar e Rosângela recebeu sua medalha em festa do COB.

O resultado deste domingo ainda a ajuda a continuar sobrevivendo do atletismo por pelo menos mais um ano, uma vez que ela passa a ter direito ao Bolsa Pódio. Contratada pelo Pinheiros, atleta militar e patrocinada pela Nike, Rosângela tem reclamado dos custos de se manter morando e treinando em Houston, nos Estados Unidos. Este ano, chegou a lançar uma vaquinha virtual para bancar seus treinos e disse diversas vezes que estava esperando uma licença para poder virar motorista de Uber nos EUA.