SÉRGIO RANGEL
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os gestores das arenas erguidas para a Olimpíada do Rio correm contra o tempo para tentar fazer com que as estruturas enfim se tornem um legado para a cidade e para o esporte brasileiro.
Um ano depois da abertura dos Jogos, a maioria das arenas já reabriu. Mesmo assim, os equipamentos funcionam ainda de maneira tímida, recebendo apenas treinos e torneios regionais de diversas modalidades.
A administração das instalações do Parque Olímpico da Barra, coração dos Jogos de 2016, foi assumida pela Prefeitura do Rio e o Ministérios do Esporte após uma fracassada tentativa de PPP (parceria público privada).
Até agora, o único evento internacional de prestígio realizado no local foi a etapa brasileira do mundial de vôlei de praia, disputado em maio, no Centro de Tênis.
A competição, no entanto, foi um fracasso de público. Cerca de mil pessoas foram à arena, com capacidade para 10 mil espectadores, para assistir aos dois dias de torneio, com cobrança de ingressos.
"Queremos transformar o largado olímpico em legado. Estamos vendo avanços desde março, mas ainda está aquém", disse o vereador Felipe Michel (PSDB), presidente da Comissão de Esporte e lazer da Câmara do Rio.
O parlamentar criticou a falta de manutenção da estrutura do Parque Olímpico da Barra. No último dia 30, parte da cobertura do velódromo foi destruída pelo fogo. A principal suspeita é que o incêndio tenha sido causado pela queda de um balão.
"Como um parque esportivo com um investimento tão grande pode ficar sem uma brigada de incêndio? Para piorar, o equipamento não tinha seguro. Isso é inadmissível", acrescentou. O velódromo custou R$ 137 milhões aos cofres públicos.
Problema federal
Para cuidar das nove instalações sob administração federal, o governo criou a AGLO (Autoridade de Governança do Legado Olímpico).
O órgão ligado ao Ministério do Esporte tem até 2019 para definir um projeto de gestão sustentável para os equipamentos e concluir o trabalho. As arenas de Deodoro já foram repassadas para o Ministério da Defesa.
O orçamento da AGLO é de aproximadamente R$ 80 milhões por ano. Desse total, cerca de R$ 35 milhões deverão ser utilizados para manter as estruturas do Parque Olímpico de Deodoro. O restante deverá ser utilizado na manutenção das arenas do Parque Olímpico da Barra.
"O nosso maior desafio é mostrar que não houve abandono. As adaptações demandam um tempo. Em Londres, o Parque Olímpico só foi reaberto dois anos depois", disse o presidente da AGLO, Paulo Márcio Dias de Mello.
Em setembro, o Parque Olímpico da Barra receberá o seu principal evento após os Jogos. O local será palco do Rock in Rio, quando cerca de 700 mil pessoas deverão assistir aos shows do festival.
A Prefeitura do Rio adiou para o próximo ano a desmontagem do Parque Aquático, que recebeu as provas de natação dos Jogos, e da Arena do Futuro, sede do torneio de handebol. O município alega não ter verba. A Arena do Futuro seria transformada em quatro escolas municipais.