ATUALIZADA - Rosell teria recebido comissão de até 41% por jogos da seleção, diz jornal

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 24/05/2017

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Preso na última terça-feira (23), na Espanha, o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell teria recebido comissões de até 41% do valor total de negociação dos direitos de 24 amistosos da seleção brasileira de futebol disputados entre 2006 e 2012.

As informações estão presentes em documentos relativos à investigação da polícia espanhola obtidos pelo jornal "El Confidencial" e publicados nesta quarta (24).

Segundo os investigadores da operação Rimet -em alusão à taça Jules Rimet, entregue aos campeões mundiais até 1970 e roubada no Brasil-, mais de € 15 milhões (cerca de R$ 49 milhões) teriam sido acumulados por Rosell em esquema criminoso.

Os valores teriam sido colocados em contas no Qatar e Andorra. Esse valor teria sido dividido com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, que ficou no comando da entidade entre 1989 e 2012.

Além de Rosell, sua mulher, Marta Pineda (já liberada); Shahe Ohannessian, empresario libanês que comprou a empresa Bonus Sports Marketing de Rosell; Joan Besolí, sócio de Rosell em Andorra; e Andreu Ramos, amigo de Rosell, foram detidos em operação destinada a combater lavagem de dinheiro.

A amizade entre Rosell e Teixeira começou quando o catalão foi diretor de marketing da Nike na América Latina e cuidou das relações entre a multinacional e a CBF e perdurou durante todo o período em que Teixeira foi presidente da entidade.

Os delitos de Rosell remontariam mais especificamente a 2006, quando a empresa ISE, pertencente ao grupo Dallah Abarraka Group, da Arábia Saudita, adquiriu os direitos de organização de 24 amistosos da seleção brasileiro junto a CBF.

Cada amistoso renderia US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 2,9 milhões em valores da época) para a CBF, totalizando US$ 26,4 milhões (R$ 69,3 milhões), e a ISE poderia escolher os adversários e os locais dos confrontos.

Outro contrato, no entanto, determinava o pagamento de € 8,3 milhões (R$ 30,2 milhões) para a empresa Uptrends Developments, com sede em Nova Jersey. O ex-presidente do Barcelona era um dos sócios da empresa.

EXTRADIÇÃO

Segundo o jornal espanhol "As", a Justiça dos EUA pode pedir a extradição de Rosell por seu vínculo com Teixeira e possivelmente com o escândalo de corrupção na Fifa.

Teixeira está no Rio e, por isso, não pode ser preso. Segundo o jornal espanhol "El Pais", ele é alvo da operação.

"Estamos tentando entender a informação oficial para ver se ele está sendo investigado e por quê", disse o advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho, ao "UOL Esporte".

Já a CBF nega que Sandro Rosell tenha qualquer participação em contratos da confederação. "Não há nenhum registro de sua suposta atuação em negócios realizados pela CBF a qualquer tempo", disse a entidade.

Ao jornal espanhol "Marca", o advogado de Rosell, Pau Molins, afirmou que seu cliente não tem "nada do que se arrepender" e que suas ações no Brasil são "totalmente legais".