ATUALIZADA - Parceiro de Ricardo Teixeira, ex-presidente do Barcelona é detido

Autor: Da Redação,
terça-feira, 23/05/2017

SÉRGIO RANGEL

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell foi detido nesta terça-feira (23), em Barcelona, em operação conjunta da Guarda Civil e da Policia Nacional da Espanha.

Além dele, sua mulher, Marta Pineda (já liberada); Shahe Ohannessian, empresario libanês que comprou a empresa Bonus Sports Marketing de Rosell; Joan Besolí, sócio de Rosell em Andorra; e Andreu Ramos, amigo de Rosell, foram detidos em operação destinada a combater lavagem de dinheiro.

Denominada Rimet -em alusão à taça Jules Rimet, entregue aos campeões mundiais até 1970 e roubada no Brasil-, a operação teria como principal alvo as relações entre Rosell e a CBF no período em que Ricardo Teixeira foi presidente (1989-2012).

Segundo os investigadores, mais de € 15 milhões (cerca de R$ 49 milhões) foram divididos por Rosell e Teixeira. Os valores teriam sido recebidos de forma ilegal na negociação dos direitos de imagem da seleção brasileira.

Segundo o jornal espanhol "As", a Justiça dos EUA pode pedir a extradição de Rosell por seu vínculo com Teixeira e possivelmente com o escândalo de corrupção na Fifa.

Teixeira está no Rio e, por isso, não pode ser preso. Segundo o jornal espanhol "El Pais", ele é alvo da operação.

"Estamos tentando entender a informação oficial para ver se ele está sendo investigado e por quê", disse o advogado de Ricardo Teixeira, Michel Assef Filho, ao "UOL Esporte".

Já a CBF nega que Rosell tenha qualquer participação em contratos da entidade. "Não há nenhum registro de sua suposta atuação em negócios realizados pela CBF a qualquer tempo", disse a entidade.

Ao jornal espanhol "Marca", o advogado de Rosell, Pau Molins, disse que seu cliente não tem "nada do que se arrepender" e que suas ações no Brasil são "totalmente legais".

RELAÇÕES PERIGOSAS

Apontado como sócio oculto de Teixeira, o ex-presidente do Barcelona repassou pelo menos R$ 23,8 milhões ao cartola mineiro e seus familiares. A maior parte foi embolsada no final do seu último mandato, em março de 2012.

No ano anterior, Rosell chegou a depositar R$ 3,8 milhões na conta de uma filha de Teixeira, que tinha 11 anos.

No mesmo ano, uma empresa do catalão pagou R$ 2,8 milhões pela parte da W Trade Brasil Importação e Exportação, em duas salas num shopping sofisticado no Leblon, zona sul do Rio.

A W Trade era registrada em nome da mulher do cartola brasileiro na época.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a empresa tinha feito apenas uma operação de exportação.

O ex-presidente do Barcelona começou sua amizade com Teixeira no final dos anos 1990, quando Rosell se mudou para o Brasil como executivo da Nike, empresa que patrocinava a seleção.

Após a Copa de 2002, Rosell deixou a multinacional e se tornou parceiro da CBF.

O catalão fundou a Brasil 100% Marketing, empresa que promovia os amistosos da seleção. Ele ainda criou a Ailanto, outra empresa montada para realizar um jogo da seleção em 2008 em Brasília.

A Ailanto é acusada pelo Ministério Público de superfaturar despesas e desviar dinheiro público com a organização da partida.

Em 2012, o jornal "Folha de S.Paulo" revelou o primeiro elo comercial entre Teixeira e a Ailanto.

Por meio da VSV Agropecuária Empreendimentos, que pertencia a Ailanto, Teixeira assinou um contrato com a empresa de Rosell para receber R$ 600 mil. Apesar do acordo, a VSV nunca trabalhou na fazenda.

O mais alto deposito na conta de Teixeira feito por Rosell em janeiro de 2012. De acordo com a CPI do Futebol, o catalão pagou R$ 13 milhões ao brasileiro logo após a renovação do acordo entre CBF e ISE em 2012. O motivo do pagamento não foi revelado.

Com sede nas Ilhas Cayman, a empresa ISE pertence a Dallah Abarraka Group, da Arábia Saudita.

No ano anterior, Sandro Rosell já havia depositado R$ 3,6 milhões para dois filhos do cartola brasileiro, Ricardo Teixeira Havelange e Roberto Teixeira Havelange. Cada um recebeu R$ 1,8 milhão.