Patrocínio no estádio do Palmeiras também seria proibido na Europa

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 17/02/2016

CAMILA MATTOSO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Criticada pela WTorre, a exigência da Conmebol de que os estádios fiquem sem patrocinadores para os jogos da Copa Libertadores também faz parte do manual de regras da Liga dos Campeões da Europa, principal competição de clubes organizada pela Uefa.
As imposições da entidade europeia, aliás, são ainda mais rigorosas se comparadas com a da sul-americana, como forma de padronizar e valorizar o campeonato.
Há, porém, uma cláusula específica de "naming rights", na Europa, mas que também não satisfaria às reclamações do Palmeiras e da administradora do Allianz Parque.
Segundo o manual da Uefa, todas as áreas de dentro do estádio, até mesmo o espaço aéreo logo acima, são de exclusividade dos exploradores do torneio.
A exceção feita para as arenas com contratos de naming rights por longo prazo é a seguinte, condicionada ainda à decisão final da Uefa: o nome pode ser falado em anúncios no sistema de som com o propósito de identificar o local, mas sem nada a mais, como um jingle por exemplo; o nome também pode aparecer nos ingressos, mas sem logo, apenas o nome de fato; e, por fim, o nome pode aparecer do lado de fora do prédio. Ainda assim, em algumas situações, como na final do campeonato, a placa pode ser coberta.
Na semana passada, após a Folha de S.Paulo divulgar que a Conmebol havia avisado o Palmeiras das exigências e que a WTorre havia dito que não se curvaria, a construtora, administradora do Allianz Parque, divulgou uma nota criticando a entidade sul-americana e citando mercados estrangeiros como exemplos a serem seguidos, como Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, que dão independência aos clubes, os permitindo gerar receitas.
A marca da seguradora que dá nome ao estádio do time alviverde aparece acima das placas de campo, o que não é permitido pela Conmebol.
O regulamento europeu ainda faz diversas outras exigências aos clubes participantes. Diz, por exemplo, que um time só pode trocar de patrocinador duas vezes durante o torneio, impedindo o que no Brasil é chamado de "apoios pontuais".
IMBRÓGLIO
Diante do desacordo, o Palmeiras considera a possibilidade de jogar fora do Allianz -especialmente porque a WTorre já avisou que não vai tirar seus patrocinadores de lá.
À reportagem, a Conmebol informou que não vai abrir exceção. Houve já situação parecida com o Engenhão, em outra edição da Libertadores. A entidade ganhou o braço de ferro e fez a Prefeitura, que era a anunciante, retirar suas placas do local.
"Na Liga dos Campeões acontece a mesma coisa. No Allianz Arena [estádio do Bayern de Munique], a marca fica coberta", explicou um dirigente da Conmebol.
"Há regras claras, ninguém pode se queixar. Não houve exceção antes, não haverá agora", continuou.
Liga dos Campeões e Libertadores são incomparáveis no quesito financeiro. A venda de direitos de transmissão na competição europeia gera receita de US$ 157 milhões, enquanto a Libertadores, US$ 62 milhões.