Blatter nega irregularidade, e Platini diz que prestou serviços à Fifa

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 28/09/2015

LEANDRO COLON
LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - O atual presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, disse que não cometeu nenhuma irregularidade no comando da entidade e que, por isso, continuará em seu cargo até as eleições presidenciais, em fevereiro de 2016, de acordo com Richard Cullen, advogado do dirigente.
"Blatter falou com o estafe da Fifa e informou que ele estava cooperando com as autoridades. Reiterou que ele não fez nada de ilegal ou impróprio e afirmou que permanecerá como presidente da Fifa", disse Cullen em um comunicado divulgado nesta segunda-feira (28).
Segundo o Ministério Público da Suíça, o presidente da Uefa, Michel Platini, recebeu 2 milhões de francos suíços (R$ 8,3 milhões) da Fifa em 2011 por serviços prestados entre 1999 e 2002. O repasse foi autorizado por Blatter. A procuradoria diz que esse pagamento teria sido "desleal", prejudicando os cofres da Fifa.
"Sobre Platini, Blatter compartilhou com as autoridades suíças na sexta-feira o fato que Platini tinha uma relação de trabalho valioso com a Fifa, servindo como um conselheiro do presidente no início de 1998", afirmou Cullen no comunicado.
"Ele [Blatter] explicou aos procuradores que o pagamento era uma compensação válida e nada mais e foi devidamente contabilizada na Fifa, incluindo a retenção de contribuições previdenciárias", disse.
Segundo o jornal suíço "Sonntagszeitung", Blatter pode ser suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa diante da investigação.
Quem também corre o risco de ser suspenso da entidade é Platini. Neste caso, o francês seria obrigado a abandonar sua candidatura à presidência da entidade máxima do futebol mundial, cuja eleição acontecerá em 26 de fevereiro.
PLATINI
Em carta enviada nesta segunda aos membros da Uefa, Platini defendeu-se das suspeitas de ter recebido irregularmente 2 milhões de francos suíços da Fifa em 2011.
Na mensagem, divulgada também à imprensa por sua assessoria, Platini diz que foi contratado "full-time" pela Fifa entre 1999 e 2002 para prestar serviços relacionados ao futebol. "Minhas funções eram conhecidas por todos", disse. Os valores, segundo ele, foram declarados às autoridades suíças.
No comunicado à Uefa, Platini não se manifesta sobre sua candidatura. Ele destaca que não é alvo de nenhuma acusação e conta que escreveu para o comitê de ética para se colocar à disposição e oferecer toda informação necessária sobre o caso. "Esses eventos podem causar danos à minha imagem e reputação e, por consequência, à imagem da Uefa, organização da qual me orgulho de ser presidente", afirma.
O fato de o pagamento ter ocorrido muito tempo depois do serviço que diz ter prestado compromete o discurso de Platini, sobretudo porque em 2011 ele teve papel decisivo na reeleição de Blatter, levando junto os votos da Uefa.
O prazo para registros de candidatura à presidência da Fifa termina no dia 26 de outubro, quatro meses antes do pleito em fevereiro. Os outros três candidatos que manifestaram intenção de disputa, o príncipe da Jordânia, Ali bin Al-Hussein, o brasileiro Zico e o sul-coreano Chung Mong-joon, não têm hoje a força do ex-jogador francês entre as 209 federações filiadas à Fifa que escolhem o presidente.
Além do suporte da Uefa que preside, Platini conta, pelo menos até agora, com apoio das fragilizadas Conmebol e Concacaf, que tiveram dirigentes presos na Suíça em maio, entre eles o brasileiro José Maria Marin. Peça-chave no tabuleiro, a Confederação Asiática de Futebol, que reúne 46 federações, teria sido decisiva para Platini anunciar de vez a candidatura em agosto.