Gallo diz que saída se deve a projeto da CBF de desprofissionalizar a base

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 21/05/2015

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Alexandre Gallo avalia que sua saída do cargo de treinador das seleções olímpica (sub-23) e sub-20 se deve à mudança de filosofia no comando do futebol da CBF depois que Gilmar Rinaldi assumiu a coordenação e Dunga o time principal, em julho de 2014.
Na sexta (8), a CBF anunciou a demissão de Alexandre Gallo e que Dunga assumiria a seleção olímpica para os jogos do Rio-2016. Rogério Micale, ex-técnico do sub-20 do Atlético-MG, assumiu a seleção sub-20 a três dias da apresentação para o Mundial da Nova Zelândia, que começa dia 30 de maio.
"Não tenho uma versão [para a saída]. Primeiramente fiquei agradecido pelos dois anos de seleção, a José Maria Marin e Marco Polo [ex-presidente e atual presidente da CBF], que foram pessoas generosas comigo, confiantes. Mas houve uma mudança de comando na gestão e dentro dela do pensamento do que é categoria de base", disse Gallo ao programa "Seleção SporTV", do canal SporTV.
"Tínhamos com Marin a ideia de querer profissionalizar a base, dar uma cara. Hoje jogadores sub-17 ou sub-20 são profissionais e queríamos dar ênfase a esse profissionalismo. Agora, a nova gestão com Gilmar fez com que a base volte a ter uma cara de base, com pessoas que trabalhem com categoria de base. É uma mudança de mentalidade, normal de acontecer. Mas fiquei muito feliz de participar como treinador e coordenador", completou Gallo.
Ele não acredita que a não convocação de alguns atletas para o Mundial sub-20 tenha influenciado sobre sua saída. Gallo deixou de fora Gerson, do Fluminense, e Gabriel, do Santos, que já são profissionais com destaque em seus times.
A reportagem apurou que um dos motivos da saída de Gallo foi a cúpula da CBF ter achado que o treinador mentiu ao dizer que Gerson não queria ser chamado para o Mundial -o estafe do atleta, comandado pelo procurador Jorge Machado, diz que ele estava à disposição.
Gallo sustentou ao SporTV que tentou falar com o atleta por telefone, para saber se ele gostaria de disputar o Mundial. E que não foi atendido.
"Ainda não estou ficando louco. Acho o Gerson um baita jogador. A verdade é que o Gerson não quis ir para a Seleção, para o Mundial. Depois que enfrentamos a Argentina [no Sul-Americano sub-20, em janeiro], antes do jogo contra o Peru, o Gerson disse que tinha uma lesão e ele falou para o médico e para o fisioterapeuta que não queria mais ir para o Mundial, porque esse negócio de ficar 40 dias concentrado para ele, não tinha interesse. E que até o aniversário era em 20 de maio [período de treinamento]", disse Gallo.
"Acho que foi uma imaturidade [de Gerson]. Para ir para a guerra, eu só tenho uma bala. Não posso ir com um atleta que fique 40 dias com a gente insatisfeito", disse Gallo.
Gallo assumiu a coordenação da base da CBF em janeiro de 2013, e acumulava as funções de técnico do time olímpico e sub-20. Em fevereiro, Erasmo Damiani, executivo que trabalhava na base do Palmeiras, assumiu a coordenação do setor na CBF, e Gallo ficou apenas como treinador.
A CBF já havia definido que Gallo sairia logo depois do Mundial sub-20, mas resolveu antecipar também temendo que um título na Nova Zelândia dificultasse explicar uma demissão.