'Limite tem que causar reação de frustração nos filhos', diz especialista

Autor: Da Redação,
domingo, 29/08/2010

O especialista em família, psicólogo clínico e psicoterapeuta de crianças e adolescentes, Ivan Roberto Capelatto, esteve ontem, em Apucarana.


Ele conversou com pais e professores no Cine Teatro Fênix sobre a importância de viver em plenitude os papéis de pais.O encontro começou às 20 horas e durou mais de duas horas.


O especialista explicou o que é limite. “Limite é uma ação que, geralmente, vem dos pais para os filhos, que é um desejo que o pai e a mãe colocam sobre o filho. Significa um cuidado que o pai ou a mãe coloca para o filho”, esclarece.


Capelatto cita o seguinte exemplo: “Eu não quero que você mexa aí. E vou impedir a partir desse momento que o filho mexa naquele local ou objeto”. De acordo com ele, esse desejo não pode ser explicado. “Não é uma coisa pedagógica. Não mexa aí porque dá choque, você vai morrer... É não mexa aí porque não quero”, afirma o especialista em família.
 

Ele diz que o efeito desse desejo, desse limite tem que ser para a criança, para o adolescente, tem que ser uma reação de frustração. “A frustração é filha da raiva. Então, a criança tem que chorar, xingar, se jogar no chão, bater a cabeça.... O adolescente tem que gritar, correr para o quarto dele...”, frisa.


Já aos pais, segundo Capelatto, cabe o exercício do amor, que é suportar essa raiva, que tem começo, meio e fim. “ A raiva dura um tempo, dias, mas é a essência psicológica fundamental do limite. Limite não é bater,limite não é prender, pôr de castigo. Limite é uma palavra, que corresponde ao desejo de um pai uma mãe de dizer ao filho que não quer que ele vá à uma festa ou não quer que mexa aí”, define.
 

Para o especialista, a coisa mais importante do limite é suportar a reação do filho.


Capelatto também alertou sobre o perigo da ausência do afeto nos relacionamentos. “O que tem acontecido muito com os nossos jovens e também com os nossos pais é que estão imaginando que o afeto é uma coisa ruim”, afirma. E com isto, segundo ele, estão começando a tratar, o filho, a namorada, e o cachorro com indiferença. “A afetividade é a única condição de vida possível, que nós podemos ter na nossa sociedade. Se começarmos a evitar a afetividade nos matamos a sociedade”, avalia.