Estudo revela que galáxias se "alimentam" de gás frio

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 14/10/2010
Atá a conclusão do novo estudo, a colisão e fusão de duas ou mais galáxias era a melhor explicação para seu crescimento.

Astrofísicos europeus anunciaram, em artigo publicado na edição desta quarta-feira (13) da revista científica britânica Nature, que conseguiram solucionar um mistério sobre o crescimento das galáxias, que a partir de estruturas baseadas em gás frio deram origem às gigantes de bilhões de estrelas da atualidade.

Segundo eles, as jovens galáxias se "alimentaram" do gás frio que as cercou depois para dar à luz novas estrelas, abrindo um novo caminho para se compreender a expansão do Universo.

Análises de luz antiga, conhecida na linguagem astronômica como redshift (desvio para o vermelho, em português), indicam que as primeiras galáxias se formaram há cerca de 13 bilhões de anos.

Nos primeiros bilhões de anos que se seguiram a origem do Universo, a massa da maior parte das galáxias aumentou consideravelmente e entender como isso ocorreu é uma dos maiores desafios dos astrofísicos.

Até agora, muitos especialistas acreditavam que as galáxias aumentaram de tamanho colidindo e fundindo-se entre si.

Mas uma teoria diferente argumenta que essa não seria a única resposta. Uma abordagem mais sutil também funcionaria. De acordo com esse argumento, uma galáxia jovem sugaria o gás frio interestelar como matéria-prima para produzir novas estrelas.

Uma equipe de astrônomos pôs a ideia à prova, usando um espectrógrafo - equipamento que permite fazer a análise de luz - no telescópio europeu VTL (Very Large Telescope), instalado no deserto do Atacama, no Chile.

Os astrônomos começaram por selecionar três galáxias muito distantes entre si, semelhantes à Via Láctea, com tempo estimado de existência em cerca de 2 bilhões de anos após o surgimento do Universo, certamente que não tenham tido contato com outras galáxias.

Depois, observaram o centro dessas três galáxias com o VTL e perceberam que seu "coração" continha elementos atômicos menos pesados que os de outras, apesar de formar estrelas vigorosamente.

Inversamente, o centro das galáxias mais próximas da nossa são abundantes em "elementos pesados", ou seja, diferentes dos gases hélio e hidrogênio.

Os dois gases constituíram a quase totalidade do universo após a origem do Universo e foi a partir dessa matéria-prima que as primeiras estrelas formaram, por fusão nuclear, elementos pesados como oxigênio, nitrogênio, carbono, etc.

A novidade sugere que a matéria que alimenta a geração de estrelas nas jovens galáxias procedeu do "gás primordial" que as cercava e que continha poucos elementos pesados.

Giovanni Cresci, chefe da equipe de cientistas do Observatório de Astrofísico Arcetri, na Itália, comentou a análise.

- [Os resultados] são a primeira evidência direta de que a adição de gás primitivo realmente aconteceu e que foi suficiente para incentivar uma vigorosa formação estelar e o crescimento de galáxias maciças no jovem Universo.

Segundo o Observatório Europeu Austral (ESO), a descoberta é "a maior prova, até agora, de que as jovens galáxias absorvem gás primitivo" e o utilizam como combustível para dar origem a novas estrelas.

- A descoberta terá um enorme impacto na nossa compreensão sobre a evolução do Universo até os dias atuais. As teorias sobre a formação das galáxias e sua evolução precisam ser reescritas.

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