Produtores aprovam Marcelo Calero e contestam legitimidade da secretaria

Autor: Da Redação,
quarta-feira, 18/05/2016

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Enquanto ao menos dez capitais têm ocupações em prédios públicos contra a extinção do Ministério da Cultura e o governo interino de Michel Temer (PMDB), o ministro Mendonça Filho (Educação e Cultura) anunciou na quarta (18) o nome para a Secretaria Nacional de Cultura: Marcelo Calero, atual secretário municipal de Cultura do Rio.
Personalidades do setor têm opiniões divididas sobre o assunto - não sobre a escolha do nome para chefiar a secretaria de Cultura, mas sobre a legitimidade da área em si.
Uma das integrantes do grupo de artistas que se reuniram na segunda (16) em ato de resistência contra o fim do MinC, a produtora Paula Lavigne diz não reconhecer a nomeação. "Não por causa de Marcelo, pessoalmente, mas porque não reconhecemos a Secretaria Nacional de Cultura", diz. "Queremos a volta do MinC."
Eduardo Barata, diretor da Associação dos Produtores de Teatro do Rio e personalidade que liderou a reunião de segunda, acredita que o secretário do Rio é um bom nome. "Ele demonstrou ser um cara do diálogo, sensível a produção cultural do Rio de Janeiro. Descentralizou as políticas que estavam na Zona Sul. Não o considero um golpista, um autoritário, mas os movimentos vão continuar."
Entretanto, Barata contesta a existência da secretaria dentro da estrutura do MEC. "A boa receptividade que Marcelo Calero tem no nosso setor não desmobiliza o movimento contra a volta do MinC", afirma. "Vamos pressionar o Estado pela preservação das políticas culturais."
Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, acredita que "o melhor cenário seria a permanência do MinC". "Mas, neste cenário, eu espero que o Marcelo trabalhe com autonomia", diz. "Esse deve ser o mote: trabalhar com autonomia para poder respeitar a diversidade das produções culturais no país."
Saron afirma ainda que Marcelo terá um papel importante para restabelecer um diálogo com todos da cultura, "e o diálogo é uma característica dele". "A compreensão da complexidade da diversidade cultural brasileira e a necessidade de trazer todos para dialogar com ele devem ser a filosofia dele."
Sócios da Aventura Entretenimento, uma das maiores produtoras do país - com projetos como os musicais "Hair", "Rock in Rio" e "Elis, a Musical"-, Aniela Jordan, Fernando Campos e Luiz Calainho ressaltam a importância do peso da pasta e acreditam que a escolha do nome foi acertada: "Marcelo Calero é um homem da cultura e certamente terá a competência necessária para conduzi-la", dizem, em nota.