Pablo Larraín mistura poesia, realidade e fantasia em 'Neruda'

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 13/05/2016

RODRIGO SALEM (*)
CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Prestes a completar 40 anos, o cineasta chileno Pablo Larraín começa a se consolidar como o cineasta mais prestigiado da América do Sul. Foi indicado ao Oscar por "No" (2012), levou o grande prêmio do júri em Berlim por "O Clube" (2015), foi chamado para filmar a biografia de Jacqueline Kennedy (Natalie Portman), e retorna ao Festival de Cannes com o onírico "Neruda", aplaudido na sua primeira sessão na mostra paralela Quinzena dos Diretores.
Apesar do título nada sutil, o filme, bastante aplaudido, não é uma biografia tradicional do ex-senador comunista e Nobel de literatura de 1971. Larraín escolheu misturar realidade e fantasia sobre o período em que Neruda (Luis Gnecco) foi afastado do senado e caçado pelo presidente González Videla, pressionado pelos americanos. Para isso, criou a figura do policial relutante Oscar Peluchonneau (Gael García Bernal), que acredita estar em uma trama noir.
"Não tentamos fazer um filme sobre Neruda, mas o que sua figura nos provoca. Seria impossível fazer uma reprodução absoluta da sua vida. Ele mesmo discursou que não sabia se tinha escrito, pensado ou sonhado sua travessia pelos Andes", explica Larraín ao público presente na première mundial. "Interpretar um gigante é difícil, mas me baseei na criação do próprio mito de Neruda. Ele foi alguém que inventou seu destino", diz Gnecco.
Já o mexicano Gael García Bernal não teve a pressão de retratar nenhum personagem verídico, mas considera seu policial com alma de artista um homem "fascinante". "Damos várias pistas de onde estamos indo ao longo do filme. Adoro esse tipo de jogo e aventura."

* O jornalista RODRIGO SALEM viajou a convite da Paramount e da organização do festival