Morre Marco Antonio Mastrobuono, colecionador especializado em Volpi

SILAS MARTÍ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu aos 80, na manhã desta terça (16), em São Paulo, o colecionador de arte e engenheiro Marco Antonio Mastrobuono, conhecido por ter reunido um dos maiores acervos da obra de Alfredo Volpi e ter fundado e presidido a instituição responsável pelo espólio do artista.
Ele sofria de câncer no intestino e havia passado por uma cirurgia para retirar parte do estômago, mas não resistiu. Seu corpo foi velado e enterrado no Cemitério São Paulo, em Pinheiros, bairro da zona oeste paulistana.
Mastrobuono, ao lado de Theon Spanudis e Domingos Giobbi, foi um dos primeiros colecionadores a comprar e chancelar a obra de Volpi nos anos 1970, tendo ajudado a firmar seu nome no mercado e descobrindo o que o marchand Thiago Gomide diz que era então "um segredo bem guardado".
"Ele era uma pessoa encantadora, um gênio", diz o marchand, que trabalhou ao lado de Mastrobuono para levar obras de Volpi à feira Art Basel Miami Beach há dois anos. "Foi uma pessoa de cultura impressionante."
Mastrobuono não só comprava as obras de Volpi como também se tornou um dos grandes especialistas no artista, tendo escrito sua biografia, "Alfredo - Pinturas e Bordados", com detalhes sobre sua técnica e sua vida.
Esforços para catalogar toda a extensa obra de Volpi, elencada no catálogo raisonné do artista, também foram liderados pelo colecionador.
Há dois anos, ele lançou também um livro se posicionando contra um decreto do Ministério da Cultura que visava evitar a venda de obras de arte importantes do país, tendo participado de debates que agitaram o mercado.
"Ele era um formador de opinião", diz o marchand Jones Bergamin. "Foi um cara aglutinador, que se fazia impor no grupo onde estava de maneira sempre muito discreta, mas conseguia fazer sua vontade sempre vingar."