Em vídeo que fechou evento, Saviano se desculpa por ausência da Flip

Autor: Da Redação,
domingo, 05/07/2015

JULIANA GRAGNANI, ENVIADA ESPECIAL
PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - Um vídeo gravado pelo escritor e jornalista italiano Roberto Saviano para explicar sua ausência na Flip foi exibido na Mesa de Cabeceira, a última de domingo (5), quando termina o evento literário.
"Seria uma ocasião belíssima [estar na Flip]", afirmou Saviano, jurado de morte pela máfia italiana. "Infelizmente ocorreu o que sempre acontece na minha vida: dificuldades de organizar a viagem, por causa da segurança."
O autor de "Zero Zero Zero" (Companhia das Letras), livro sobre narcotráfico, comentou o papel do Brasil no tráfico de cocaína, e a "estrutura mafiosa" do poder criminoso no país, citando o jornalista brasileiro Tim Lopes. "As denúncias, as ameaças começam a enlouquecer você. É injusto e doloroso viver assim."
Saviano despediu-se "sonhando com o céu brasileiro" e disse esperar que suas dificuldades não prejudiquem a possibilidade de vir ao Brasil futuramente. Paulo Werneck, curador da Flip, encerrou a mesa: "Saviano, a gente está com você".
LIVROS NUMA ILHA
Antes do vídeo de Saviano, autores fizeram leitura de seus livros favoritos, aqueles que levariam a uma ilha deserta.
A americana Ayelet Waldman, o irlandês Colm Tóibín, o argentino Diego Vecchio, os brasileiros Carlos Augusto Calil e Marcelino Freire, o queniano Ngugi Wa Thiong'o, a portuguesa Matilde Campilho e o australiano Richard Flannagan escolheram seus livros e autores preferidos. Os eleitos passaram por Virginia Woolf (destacada por Waldman), Flaubert (Vecchio) e Beckett (Matilde Campilho).
Carlos Augusto Calil voltou ao homenageado da Flip, Mário de Andrade, e leu um poema de sua autoria em que ele define o que é ser brasileiro, "O Poeta Come Amendoim" (1924), texto escrito em homenagem a Drummond.
Marcelino Freire homenageou "mulheres guerreiras" e leu um poema de "Sangue Negro", da moçambicana Noêmia de Sousa.
O conto "A Terceira Margem do Rio", do mineiro João Guimarães Rosa, foi lido em inglês por Flannagan. Ele disse que o texto mudou a forma como via a literatura.