Jô Soares compara pichação em sua rua a tempo da ditadura

Autor: Da Redação,
quinta-feira, 25/06/2015

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em seu programa na Globo na noite de quarta-feira (24), Jô Soares afirmou que "não podia deixar em branco" a ameaça que recebeu na semana passada, quando a pichação dizendo "Jô Soares Morra" apareceu em frente ao prédio em que o apresentador mora, em São Paulo.
A mensagem foi deixada na rua do apresentador uma semana depois de sua entrevista com a presidente Dilma Rousseff (PT) ir ao ar. "Aquilo só fez assustar realmente as crianças do bairro", disse Jô. "Tem dois colégios ali com crianças e eu tive que explicar a algumas, deu medo. Eu dizia 'não, isso é só coisa de torcida de futebol'. As torcidas aprontam tanto que as crianças [responderam] 'ah, bom'. Para você ver como andam as coisas."
O apresentador agradeceu ao apoio que recebeu e lembrou o jornalista Fernando Morais, que também foi alvo de ameaças em suas redes sociais.
"Olha, isso me lembra os tempos da ditadura. Eu morava numa vila, quando cheguei em casa, as luzes estavam apagadas, cortadas. E as paredes, banhadas de sangue, quer dizer, de tinta vermelha, mas era como fosse sangue", relembrou ele. Nesse dia, contou, a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas) estava escrita na parede da sala.
"Quando vejo coisas escritas na calçada e essa frase, 'Por que não aparece ninguém para matar esse homem' [dita a Morais], pelo amor de Deus, isso é um fascismo total. Pelo amor de Deus, todo mundo tem o direito de falar", argumentou o apresentador.
Jô Soares, além disso, desmentiu "os boatos que correm" a seu respeito, de que teria reforçado a sua segurança pessoal: "Não posso reforçar uma coisa que não tenho, e espero que nem tenha porquê. A gente ainda não está vivendo num clima de Estado Islâmico".
Concluiu sua fala pedindo aos espectadores que "por favor, reavaliem o pensamento". "Por tudo aquilo que o país já passou. Não pode virar o chamado 'ovo da serpente'", disse.