Especialista diz que liberar tráfego aéreo é arriscado

Autor: Da Redação,
terça-feira, 20/04/2010
Instrutor da Academia do Ar explica que cinzas vulcânicas podem provocar queda de aviões

O comandante Matheus Denofrio, instrutor da Academia do Ar, que fica em Guarulhos, na Grande São Paulo, explica que as cinzas vulcânicas liberadas pelo vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia, entram nas turbinas do avião, e, por causa do alto aquecimento, o silício e o enxofre presentes nelas formam uma espécie de pedra de vidro que pode travar partes móveis do motor e fazer com que a aeronave caia.

- Se o avião não estiver em uma altitude muito baixa, dá para planar e pousar sem problema algum. Agora, se for muito baixa ou estiver sobre o oceano, ele pode cair. Os momentos mais perigosos são a decolagem e a aterrissagem, por causa da baixa altitude, uma hora em que o motor tem de estar o mais limpo possível. Se o avião não conseguir alcançar uma altitude com ar puro, não é possível reacionar o motor.

O instrutor acrescenta que as cinzas também podem afetar os medidores de altitude e de velocidade da aeronave, dando informações erradas ao piloto – se ele estiver mais devagar do que deve, pode fazer o avião cair. Isso sem falar no impacto causado pelo choque entre cada partícula da cinza e a fuselagem da aeronave.

- Como cada partícula mede dois milímetros, ao se chocar com um avião à velocidade média de 889 km/h, por exemplo, o impacto é parecido ao de uma bala de revólver.

Por isso, o instrutor recomenda aos alunos que deixem o motor da aeronave em marcha lenta, uma espécie de ponto morto aéreo, quando se depararem com cinzas em pleno voo.

Segundo o site Discovery News, a Nasa (agências espacial americana) fez um teste, sem querer, com cinzas em um avião comercial há uma década. Em fevereiro de 2000, um DC-8 da agência voou em direção a uma nuvem de cinzas produzidas pelo vulcão islandês do Monte Hekla. A tripulação não viu a nuvem e conseguiu aterrissar o avião sem problema algum.