O diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central (BC), Mauricio Moura, explicou nesta segunda-feira, 5, em live semanal da autarquia, que a função básica de qualquer banco central no mundo é a política monetária, que é o conjunto de instrumentos usado para colocar a inflação na meta. Moura destacou que a meta de inflação não é escolhida pelo próprio BC, mas sim pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e chegou a compará-la com as metas de vendas estabelecidas no comércio.
Questionado sobre o nível atual da taxa básica de juros, o diretor do BC disse que a Selic "vai voltar a cair em algum momento", assim que as condições permitirem.
Moura listou três vetores principais para permitir a queda.
O primeiro deles, a inflação corrente mais baixa ou indicando queda à frente. Nesse ponderou que, embora a tendência seja de queda hoje, os próprios economistas preveem que ela irá subir um pouco nos próximos meses e depois voltar a cair em 2024. O segundo, as expectativas futuras. E o terceiro, o balanço de riscos.
Mais explicações
De acordo com Moura, a decisão de política monetária não é tomada com base apenas em modelos. "Nós recebemos informações e cada membro define um pensamento e apresenta um voto", afirmou, na live da autarquia.
Moura explicou que, no primeiro dia de Copom, os diretores e o presidente da autarquia recebem apresentações de equipes técnicas que mostram dados atualizados da economia doméstica e global. No segundo dia, pela manhã, há um nova rodada de atualizações. Já pela tarde, os oito diretores e o presidente se reúnem em uma sala e tomam suas decisões.
"Nessa reunião fechada, participam os nove membros do Copom e um servidor do BC, que é o chefe do departamento de pesquisa econômica. Ele faz uma última apresentação sobre projeções de inflação", acrescentou o diretor.
Segundo Moura, essa última apresentação envolve também cenários alternativos e a ideia é entender o que aconteceria com a economia a depender de cada possível movimento.
Distribuição de votos e dosagem
Ainda de acordo com o diretor do BC, não há uma regra que obrigue a decisão a ser unânime. Ele cita que já houve reuniões com dissidência e que isso pode vir a se repetir no futuro.
Sobre a dosagem de cada decisão, Moura reconheceu que pode parecer pouco manter ou reduzir, por exemplo, a Selic em 0,25 ponto porcentual, mas ressaltou que cada reunião precisa ser vista como uma foto de um filme maior. "O que aquilo indica de caminho do BC, o que sinaliza para economia de como o BC está pensando a inflação."
O diretor defendeu que esse mecanismo fornece estabilidade para a economia, para os agentes conseguirem se planejar. "A economia gosta de previsibilidade de tranquilidade para poder crescer."