O gás no curto prazo terá papel mais relevante que a eletrificação no transporte de carga, disse nesta terça-feira, 24, o ministro dos Transportes, Renan Filho - que afirmou, contudo, que ainda é preciso discutir o custo do combustível.
"Para reduzir o preço do gás, é preciso que a Petrobras reduza a sua participação em importância, pois a Petrobras produz 80% da molécula no País, e lá é paridade internacional", disse durante participação na ROG 2024, maior feira de petróleo e gás natural da América Latina.
"A gente tem preço de gás muito caro no Brasil, isso precisa entrar na agenda", reforçou o ministro. "Tem custo de gás impeditivo para várias indústrias no Brasil", disse, enfatizando que o País é um dos maiores consumidores de fertilizantes do mundo. "Mas é uma indústria (fertilizantes) intensiva em gás, por isso sai mais barato colocar num navio e trazer da Rússia, emitindo carbono de lá para cá."
No mesmo painel, o diretor executivo de Marketing e Novos Negócios da Eneva, Marcelo Cruz, afirmou que o Brasil vivia o dilema do ovo e da galinha, com indústria resistente a produzir veículos a gás enquanto o combustível não se desenvolve, e os produtores de gás reticentes devido à falta de demanda. Esta realidade está se transformando com a integração dos diferentes elos da cadeia, explicou. "A segurança de suprimento é inequívoca e inexorável. Temos produção em Santo Antônio dos Lopes, no Maranhão, com capacidade adicional", afirmou.
O executivo disse que a Eneva lançou uma iniciativa com a Scania para lançar um corredor a partir do polo onde a molécula é feita, e que pretende escalar a capacidade. "Uma vez que a infraestrutura esteja desenvolvida, estabelecida, vai ser uma excelente porta de entrada para o biogás, ou biometano, que é a segunda etapa do processo", acrescentou.