O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, não descartou a possibilidade de elevar as taxas de juros no próximo ano, ao ser questionado em coletiva de imprensa nesta quarta-feira. "Não podemos descartar nada completamente neste mundo", pontuou a autoridade. "Não há certeza real sobre qual é a taxa dos juros neutra e por isso precisamos proceder com cautela."
Contudo, Powell reiterou que o nível atual dos juros, entre 4,25% a 4,50%, é "bem restritivo e calibrado o suficiente" para que o BC americano faça progresso na inflação ao mesmo tempo que mantém o mercado de trabalho saudável, tornando menos provável um cenário de retomada do aperto monetário.
O presidente do Fed notou que levará tempo para equilibrar a recuperação dos salários reais e o retorno da inflação à meta de 2% nos próximos anos. Segundo ele, este é o motivo pelo qual um breve período de aceleração dos preços não é necessariamente um problema, tendo em vista que o emprego continua arrefecendo nos EUA sem sinais preocupantes, como aumento repentino de demissões. "O trabalho contra a inflação não terminou, mas estamos confiantes sobre a direção", disse.
Powell também afirmou que a meta é atingir o índice cheio de preços de gastos com consumo (PCE, em inglês) - medida preferida de inflação do BC americano - em 2%, não apenas o núcleo, que exclui itens voláteis como preços de alimentos e energia. Na visão dele, a importância do núcleo e de indicadores subjacentes da inflação está na predição sobre a trajetória da inflação.
"Os preços de energia não preveem efeitos sobre a economia no longo prazo", apontou, citando este como um dos motivos pelos quais as tensões geopolíticas globais não têm sido relevantes para os EUA. "Seguimos monitorando as tensões porque continuam sendo um risco, mas os preços do petróleo seguem em queda e não há outros efeitos na atividade americana."