Para IBGE, conjuntura macroeconômica favorável não é alavanca principal para serviços

Autor: Daniela Amorim (via Agência Estado),
quarta-feira, 11/12/2024

A conjuntura macroeconômica favorável reforça o crescimento que já vem ocorrendo naturalmente na dinâmica de negócios do setor de serviços, mas não é a alavanca principal do segmento, avaliou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Claro que a conjuntura macroeconômica favorável pode reforçar o crescimento, impulsionar o crescimento que vem ocorrendo naturalmente na dinâmica de negócios do setor de serviços", disse ele. "Dentro do mês de outubro a gente tem algumas particularidades. O próprio crescimento expressivo do transporte aéreo de passageiros não vem acontecendo com regularidade. Mas outras atividades vêm auxiliando o setor de serviços a renovar patamar recorde da série", reforçou.

O volume de serviços prestados no País cresceu 1,1% em outubro ante setembro, fazendo o setor alcançar novo patamar recorde da série histórica iniciada em 2011.

"Tem atividades que sustentam o bom desempenho de serviços ao longo do tempo", lembrou Lobo, citando os setores de tecnologia de informação e agenciamento de espaços de publicidade. "Tem também elementos pontuais a cada mês ajudando a impulsionar o setor de serviços como um todo", acrescentou.

No mês de outubro, o crescimento nos serviços foi mais concentrado, já que apenas duas das cinco atividades mostraram crescimento. O grande destaque foi o setor de transportes, com expansão de 4,1% em relação a setembro, a alta mais acentuada desde março de 2023, quando tinha crescido 4,6%. Segundo Lobo, o transporte aéreo exerceu o principal impacto positivo, por causa da queda nos preços das passagens aéreas. "A queda de alguns custos, como do querosene de aviação, acabou barateando o preço das passagens, e impulsionou o volume de serviços", explicou.

Todos os modais de transportes tiveram taxas positivas em outubro ante setembro: terrestre (1,6%), aquaviário (0,7%), aéreo (27,1%) e armazenagem, serviços auxiliares dos transportes e correio (2,6%).

A queda no custo do ônibus urbano, por conta da adoção de gratuidade de transporte urbano nas cidades durante as eleições municipais, ajudou também a aumentar o volume de transporte rodoviário de passageiros. No caso de transporte de cargas, houve expansão motivada por aumentos nas exportações de alguns produtos, como carnes e café. O maior volume exportado também impulsionou o segmento de gestão de portos e terminais.

"A taxa de câmbio, com o real cada vez mais desvalorizado, pode de alguma forma impulsionar a exportação de produtos agropecuários brasileiros. E isso tem efeito positivo com transporte de cargas e também na parte de logística, como a parte de terminais. Pode estar relacionado com o aumento de exportações, motivado também pela desvalorização do câmbio", apontou Lobo.

Além dos modais de transportes, houve influência positiva também do desempenho das atividades jurídicas, por conta do pagamento de precatórios, e de alojamento e alimentação.

"Com o pagamento de precatórios, os escritórios de advocacia acabam tendo sua receita aumentada", justificou Lobo.

Na passagem de setembro para outubro, além de transportes, houve expansão também em serviços profissionais, administrativos e complementares (1,6%). As perdas ocorreram em informação e comunicação (-1,0%), outros serviços (-1,4%) e serviços prestados às famílias (-0,1%).

Lobo ressalta que os serviços prestados às famílias são consumidos por extratos de renda média e renda alta, estando assim mais imunes à conjuntura geral. "São supérfluos", afirmou. "O nível de emprego e renda não afeta esse tipo de consumo."