O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira, 21, que os núcleos de inflação ainda estão em níveis mais elevados do que no período pré-pandemia. Ele reforçou que o Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou que o cenário externo está em situação menos adversa e volátil e do que na reunião anterior e que há sinais incipientes de desinflação. "É interessante ver o processo acontecendo, a volta da desinflação. Isso reforça argumento de desinflação em dois estágios, puxada pelos voláteis, administrados, e entrando no segundo estágio como os núcleos, como caracterizado no Brasil, ainda rodando em níveis mais elevados do que no pré-pandemia", disse o diretor, durante coletiva de imprensa de apresentação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Ele também destacou o debate de sinais correntes de desinflação, os desafios e as fontes de desinflação do futuro.
CommoditiesO diretor de Política Econômica do Banco Central destacou ainda que desde a última reunião do Copom houve recuo no índice de commodities (IC-Br). O IC-Br caiu por todo o primeiro semestre do ano e subiu nos quatro meses seguintes, mas voltou a baixar fortemente em novembro. Segundo o BC, a retração foi de 5,09% no mês passado. O indicador passou de 376,14 pontos em outubro para 356,99 pontos em novembro. Com isso, o indicador acumula redução de 8,64% nos 11 primeiros meses de 2023. Em 12 meses, a queda do IC-Br é de 10,64%.
Surpresas da inflaçãoO diretor de Política Econômica do Banco Central explicou também que a surpresa para baixo de 0,40 ponto porcentual na inflação no trimestre até novembro decorre de petróleo e industriais. "Olhando para trás, tivemos surpresa com petróleo, com gasolina, a parte de bens industriais, e um efeito mais forte de Black Friday", disse Guillen. Ele também destacou o impacto do El Niño em alimentos, como já frisado na ata do Copom.
EUAO diretor de Política Econômica do Banco Central disse que cerca de dois terços da desinflação de núcleos nos Estados Unidos já ocorreu, e ainda falta um terço para que seja compatível com o atingimento das metas no País. "É um cenário de processo de desinflação: a inflação ainda não rodando em níveis compatíveis, ao mesmo tempo com rendimentos que ainda não estão nas máximas. Tem esse risco de ficarem em nível que estavam no pré-pandemia em função do mercado de trabalho apertado", destacou ele durante a coletiva de imprensa de divulgação do Relatório Trimestral de Inflação do BC.