A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou setembro com alta de 0,26%, ante 0,23% em agosto, informou o IBGE nesta quarta-feira, 11. A taxa acumulada em 12 meses passou a ser de 5,19%, também acima do resultado até agosto (de 4,61%). Ainda assim, o número final em setembro surpreendeu o mercado, que esperava variação de até 0,38%, segundo sondagem do
Projeções Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. No fim, o IPCA mais baixo do que o esperado reacendeu a avaliação de que a inflação deste ano pode ficar abaixo do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75% - o que daria à autoridade monetária condições para manter a previsão de dois novos cortes de 0,5 ponto porcentual cada da Selic, até o fim do ano. Após a divulgação dos dados, a LCA Consultores diminuiu a sua projeção de inflação de 2023, de 4,8% para 4,7%, já abaixo do teto da meta. Outras instituições, como Bradesco, Itaú Unibanco e WHG, conservaram as estimativas de um IPCA entre 4,8% e 4,9%, mas reconheceram viés de baixa nas projeções. O banco britânico Barclays destacou que a redução da defasagem entre os preços domésticos e internacionais de combustíveis - de 20%, há duas semanas, para 9% hoje - sugere espaço para inflação menor no Brasil. "Vemos um risco para baixo na nossa projeção de IPCA de 4,9% este ano, caso as condições de paridade continuem assim, no geral, mas tensões recentes no Oriente Médio ainda podem introduzir volatilidade no petróleo e seus derivativos nas próximas semanas", afirmou o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, em relatório. No caso dos juros, instituições como Barclays, BTG Pactual, Sicredi e B. Side Investimentos reiteraram a previsão de manutenção do ritmo de cortes da Selic em 0,5 ponto. "Apesar de não ser um resultado (do IPCA) que dê asas para o voo das expectativas de que o BC possa acelerar o ritmo de queda nas próximas reuniões para 0,75 ponto, certamente vai contribuir para tirar da meta uma desaceleração para 0,25 ponto", afirmou o economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio de Souza Leal. "Não vemos motivos para rever a nossa projeção de Selic em 11,75% no final de 2023." Apenas as altas de preços da gasolina e das passagens aéreas responderam, juntas, por cerca de 80% de toda a inflação em setembro. A gasolina aumentou 2,80%, subitem com a maior contribuição individual, de 0,14 ponto porcentual. Além da gasolina, o óleo diesel ficou 10,11% mais caro, e o gás veicular subiu 0,66%. Já o preço do etanol caiu 0,62%. Por outro lado, os preços dos alimentos completaram em setembro quatro meses seguidos de quedas, contribuindo para deter a inflação no País no período. O grupo Alimentação e Bebidas acumula retração de 2,65% desde junho. Em setembro, as famílias pagaram menos por produtos como batata-inglesa (-10,41%), cebola (-8,08%), ovo de galinha (-4,96%) e leite longa-vida (-4,06%).