Os juros futuros subiram nos vencimentos longos e encerraram estáveis na ponta curta. A curva a termo operou um pouco mais pressionada durante a tarde, quando entrou em cena uma tentativa de realização de lucros que colocou os vencimentos mais longos em trajetória altista.
As taxas na terça haviam caído de forma consistente e o mercado aparentemente buscou nesta quarta-feira alguma correção antes da agenda desta quinta-feira que contempla o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) nos EUA e o leilão de prefixados do Tesouro. Em meio aos dados de varejo pouco melhores que o esperado e de inflação mais baixa no Brasil, os juros curtos ficaram de lado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,465% (máxima), de 12,448% no ajuste anterior. A do DI para janeiro de 2025 encerrou em 10,42%, de 10,43%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,01% (9,97% na terça) e a do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,43% para 10,51%.
O volume de contratos negociados foi limitado nesta quarta-feira, reflexo da ausência de vetores fortes para conduzir os negócios e do compasso de espera pela agenda dos próximos dias que, além do CPI na quinta-feira, inclui o IPCA de julho na sexta-feira. O DI para janeiro de 2024 não girava nem 500 mil contratos no horário acima.
Segundo profissionais nas mesas de renda fixa, o mercado teve um dia fraco, com as taxas oscilando entre margens estreitas e fatores técnicos preponderando na segunda etapa. "Com um volume assim fica difícil dizer que há mudança de cenário. Nesse contexto, operações às vezes isoladas acabam afetando a rota das taxas", afirma o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos.
A agenda do dia não foi suficiente para alterar a percepção de que a possibilidade de aceleração do ritmo de corte da Selic para 0,75 ponto porcentual segue em jogo, apesar da ata do Copom, cuja mensagem foi reforçada na terça pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen. Na mesma linha da ata, Guillen na terça reiterou ser "pouco provável" a ampliação da dose, mas o fato de não ter rechaçado tal possibilidade já é suficiente para o mercado acreditar.
As vendas do varejo restrito ficaram estáveis em junho, na margem, ante consenso de queda de 0,2%, enquanto as do varejo ampliado, favorecidas pelos desoneração dos preços de automóveis, surpreenderam para cima, com alta de 1,20%, ante mediana das previsões de queda de 0,1%. As vendas de veículos saltaram 8,5% em relação a maio.
Por outro lado, a primeira prévia do IGP-M (-0,81%) de agosto continuou mostrando deflação, ainda que menor do que na mesma leitura de julho (-1,29%). A queda de 0,34% do IPC-Fipe na primeira quadrissemana de agosto também surpreendeu, acelerando em 20 pontos-base em relação ao recuo de 0,14% no fim de julho. O coordenador do índice, Guilherme Moreira, ampliou sua projeção de deflação para fechamento do mês, de 0,08% para 0,15%.
"A precificação de maior flexibilização da Selic no curto prazo é mais provável para dezembro e nosso cenário contempla um dígito já no segundo trimestre de 2024", comenta Eduardo Velho, sócio e economista-chefe da JF Trust.
Oliveira, da MAG, não descarta que, num dia esvaziado como nesta quarta, o mercado tenha sentido um certo incômodo com o cenário fiscal, diante da demora no avanço das reformas no Congresso e possibilidade de ajustes que enfraqueçam tanto o texto da tributária, que foi para o Senado, quanto do arcabouço fiscal, que voltou para a Câmara.
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